quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Incluir insetos na dieta além de ajudar o meio ambiente também é saudável.


Como assim???

Vendidos a quilo nas feiras.

Desde 2008, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) vê a possibilidade de incluir insetos na dieta humana. A ideia tem a participação do entomologista (estudioso de insetos) Arnold Van Huis, da Universidade de Wageningen, na Holanda. Esta inclusão, além de benéfica para a saúde, também ajuda no combate ao efeito estufa.

Nos últimos anos, o consumo de carne, que era de 20 quilos por ano, cresceu para 50 quilos, e em 20 anos a perspectiva é de que cada pessoa coma 80 quilos de carne por ano. Devido a esse aumento, a Organização das Nações Unidas recomendou que todas as pessoas passem, pelo menos, um dia por semana sem consumir carne e que diminuam ainda mais ao longo do tempo, para que dessa forma possam controlar as mudanças climáticas.

A entomofagia, que é a prática de comer insetos, ainda não é permitida no Brasil, mas estudos comprovam a importância nutricional dos insetos. Um grupo de cientistas, trabalhando com a agência espacial japonesa, pesquisou o bicho da seda e os cupins, e descobriram que eles seriam fonte de uma dieta rica em gorduras e aminoácidos.

Mais de mil tipos de insetos já fazem parte do cardápio de 80% dos países, principalmente na porção oriental do globo, e são mais populares nas regiões tropicais, onde ficam maiores e são mais fáceis de serem capturados.

Algumas larvas de Tenébrio sp.


Frank Franklin, professor e diretor de nutrição pediátrica da Universidade do Alabama, nos Estado Unidos, afirma que baixas calorias e poucas proteínas são as principais causas de morte em crianças e que a proteína dos insetos poderia ser uma solução mais barata se processada em uma forma semelhante a uma pasta de amendoim, para aqueles que sofrem dessa má nutrição.

A população do Laos (país asiático) sofre com deficiência de cálcio e uma proposta de se construir uma grande indústria leiteira no país foi colocada em questão, mas por saberem que a maior parte dos asiáticos tem intolerância à lactose, essa proposta não pôde ser realizada.

Considerando então que grilos e gafanhotos são ricos em cálcio e que 90% da população do Laos já comeu insetos em algum momento, o órgão das Nações Unidas vem desenvolvendo um projeto de criação de insetos, que aproveita os conhecimentos de 15 mil agricultores familiares que cultivam gafanhotos na Tailândia, um país vizinho. Está aí uma boa solução para a saúde dessa população.




Em grande parte do mundo, comer insetos não é estranho. No sul da África, as lagartas Mopani são salgadinhos populares, já os japoneses preferem as larvas de insetos aquáticos, e no México, as pessoas comem gafanhotos.

Diminuição dos gases do efeito estufa.

De acordo com as pesquisas do entomologista Van Huis, as fazendas de insetos produzem uma quantidade muito menor de gases de efeito estufa se comparadas à pecuária. Ele afirma que os insetos produzem 300 vezes menos óxido nitroso (que também tem efeito estufa) e muito menos amônia, que é tão comum nas criações de porcos e aves.

As fazendas de insetos poderiam ainda gerar renda para comunidades carentes e proteger as florestas, pois além de elas serem o habitat de várias espécies, não precisariam ser destruídas pelo avanço das pastagens.

Legalização da entomofagia.

No Brasil ainda não é permitido a prática da entomofagia. Por esse motivo o empresário mineiro Luiz Otávio Pôssas Gonçalves, dono de uma companhia que cria e comercializa insetos, pediu ao Ministério da Agricultura o reconhecimento do seu negócio como um “estabelecimento produtor de insetos para consumo humano”.

Esse pedido acabou abrindo espaço para a legalização da entomofagia no Brasil. O Ministério da Agricultura pediu indicação bibliográfica ao empresário, alegando que se trata de um tema polêmico, mas que será discutido, pois representa oportunidade real de se combater o aquecimento global no Brasil e no mundo.

Devidamente higienizado e embalado.

Dados da FAO, que também está discutindo a possibilidade de incluir insetos na dieta humana, mostram que cerca de 80% dos países possuem insetos em seu cardápio e 23 dessas nações ficam no continente americano.
Caso a proposta de Gonçalves seja aceita, podemos ter um cardápio recheado de insetos. E dessa forma estaremos contribuindo com o combate ao aquecimento global.

* Publicado originalmente pelo EcoD e retirado do site Mercado Ético.
(EcoD) 

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Um dos maiores, senão o maior Entomologista de todos os tempos.


Angelo Moreira da Costa Lima (1887-1964)



http://www.ebras.bio.br/entomol/entomol_desc.asp?code=5049F3A70#

Aqui fica a minha singela homenagem ao senhor  Ângelo Moreira da Costa Lima que, para além de um grande Entomologista, foi, acima de tudo, um grande... Homem.

Ângelo Moreira da Costa Lima (1887 - 1964). Emérito entomologista brasileiro, nasceu a 29 de junho de 1887. Formou-se em medicina em 1909, porém sua carreira de cirurgião sucumbiu ante o fascínio pelos insetos e sua vocação para o estudo das coisas da natureza.


Viveu num período em que a decência e a moral permeavam no serviço público e este era respeitado não só pelo povo, mas pelos governantes. Viu assim, tornar realidade sua imponente obra (ainda que inacabada) "Insetos do Brasil", nos laboratórios e corredores do Instituto Oswaldo Cruz (antigo Instituto de Manguinhos) e da Universidade Rural do Brasil (hoje Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro).


Contemporâneo de Oswaldo Cruz, trabalhou quando o pioneirismo da ciência ainda se misturava com a poesia do século passado. Assim como Von Martius, Hübner e tantos outros, trazia consigo a luz dos grandes investigadores, que lhe permitiu explorar com sabedoria, todo um mundo novo de espécies não identificadas. Mais de duas centenas de espécies levam hoje seu nome.


Grande mentor dos catálogos de insetos do Brasil, fez tornar realidade a obra em 1922, quando da publicação, em sua primeira edição, no volume 6 dos Arquivos da Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinária. Sucederam-se ainda sob sua batuta, a segunda edição, publicada em 1927 (vol. 8 do referido periódico); e a terceira edição, já como livro, em 1936. 

Não estava mais entre nós quando da publicação do "Quarto Catálogo dos Insetos que Vivem nas Plantas do Brasil", entre 1967 e 1968, contudo seus ensinamentos, orientações e ideais ainda nortearam esta obra.





BIOGRAPHICAL NOTE
Ângelo Moreira da Costa Lima (1887-1964) was the foremost Brazilian entomologist of his time, and his still-consulted works continue to assure his place in the history of science as the "Father" of Brazilian entomology.
Costa Lima, as he is called in Brazil, was born on June 29, 1887, in Rio de Janeiro, Brazil, to Valeriano Moreira da Costa Lima and Rosa Delfina Brum de Lima.
The legacy of Costa Lima rests on his many contributions to Brazilian entomology. His Terceiro Catálogo was for many years the most consulted work on Brazilian plant-insect associations. It has since been replaced by the Quarto Catálogo that was directly based on Costa Lima's earlier work.
Costa Lima’s Insetos do Brasil in eleven volumes is a valuable resource on Brazilian entomology and is regularly consulted even today.
ANT TAXONOMY

PUBLICATIONS
REFERENCE
Jurberg, C. 2002. Entomologia y Vectores 9: 153-194, bibliography, portrait.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Borboletas mutantes são encontradas após acidente nuclear de Fukushima

Pesquisadores japoneses estão preocupados com o ecossistema local.


Reprodução / larepubblica.it
Muitas mutações foram encontradas nos animais coletados na região próxima à Usina de Fukushima. 
Na imagem, uma das borboletas mutantes


Pesquisadores japoneses encontraram sinais de mutação em borboletas, sinalizando um dos primeiros indícios de que o ecossistema local sofreu mudanças após o acidente nuclear em Fukushima.
Joji Otaki, que liderou a pesquisa, recentemente publicada no Scientific Reports, coletou quase 400 espécimes de uma borboleta muito comum no Japão.
Nos resultados iniciais, 12% das borboletas mostraram sinais de anormalidades, como problemas em suas antenas, asas de menor porte, mudança nos padrões de cor e olhos recuados. Amostras coletadas seis meses depois foram ainda mais alarmantes: as mutações foram encontradas em 52% dos animais.
O pesquisador disse à NBC que está preocupado com os resultados do estudo.
— Desde que vi esses efeitos nas borboletas, é fácil imaginar que [o desastre] tenha afetado outras espécies também. É bastante claro que algo está errado com o ecossistema.
Otaki, no entanto, ressalta que as espécies apresentam diferente sensibilidade em relação à radiação e não é possível prever que o mesmo efeito ocorra nos seres humanos.
O desastre de Fukushima ocorreu após um terremoto de 9,0 graus de magnitude, em 11 de março de 2011, que gerou um tsunami que destruiu o sistema de refrigeração da usina. Três reatores sofreram colapso e liberaram radiação no meio ambiente.
Este é um exemplar saudável da espécie coletada pelos pesquisadores japoneses. Crédito: larepubblica.it

As mutações foram encontradas em 52% dos animais. Crédito: larepubblica.it



quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Borboletas revelam áreas não preservadas no ABC



Pesquisa realizada pela Fundação Santo André revela que as borboletas podem diagnosticar nos centros urbanos se a área é preservada ou não. Esta é a conclusão do trabalho apresentado no “I Congresso Latino Americano de Ecologia Urbana”, realizado na Argentina, entre os dias 12 e 15 de junho pelas alunas Viviane Garla Roupa e Vivian Santana do Nascimento, sob a coordenação da professora Dagmar Roveratti dos Santos. A pesquisa foi realizada durante um ano, com mais de 67 horas de observação e contabilizado 954 borboletas em 17 espécies no bairro Cerâmica, em São Caetano.
De acordo com a pesquisa, o local preservado e que mantém a vegetação natural e espontânea é onde aparece a maior variedade de espécies de borboletas. Já os locais urbanizados e com vegetação introduzida em praças ou locais com plantas ornamentais, as espécies diminuíram, o que significa que a recuperação do meio ambiente nas áreas urbanas deve obedecer à vegetação que havia no local.
Os registros foram feitos em três pontos fixos, sendo uma residência com jardim, uma praça constituída predominantemente por vegetação arbórea e gramado e uma área verde composta basicamente por jardim de espécies ornamentais arbustivas e algumas espécies arbóreas, circundado por área de vegetação espontânea. Os dados foram coletados no período de Fevereiro de 2011 a Janeiro de 2012.
A realização do levantamento foi prejudicada porque no mês de junho de 2011 parte da área que era utilizada para as observações foi aterrada, asfaltada e transformada no estacionamento do Shopping Park São Caetano. Com isso toda a flora, que era constituída basicamente por espécies de plantas espontâneas, foi retirada e consequentemente as espécies de borboletas desapareceram do local.
Outro ponto que prejudicou as pesquisa foi a revitalização da Praça Morais Sarmento nas proximidades, uma vez que muitas das espécies de vegetais atrativas para as borboletas foram substituídas por um parquinho e por passagens de concreto.
Segundo as pesquisadoras a pequena riqueza de espécies contabilizadas demonstra o alto grau de impacto ambiental na área e para manter a riqueza de espécies de borboletas em áreas urbanas faz-se necessário a manutenção ou introdução de espécies de plantas espontâneas, além das espécies ornamentais.
As pesquisadoras relatam que há uma preferência das borboletas pelas espécies vegetais espontâneas em detrimento das ornamentais artificialmente introduzidas quando ambas estão disponíveis. 

Parabéns para a equipe, foi um magnífico trabalho.