sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Estudo indica queda pela metade de população de borboletas na Europa. E no Brasil?


Espécie Vulcain é uma das borboletas ameaçadas na Europa.
Wikimedia Commons

Um relatório da Agência Europeia de Meio Ambiente indicou que o número de borboletas que vivem em campos abertos diminuiu pela metade nos últimos 20 anos, na Europa. A constatação é considerada preocupante pela agência, uma vez que as borboletas são insetos polinizadores, essenciais para a biodiversidade.


Das 17 espécies de 19 países analisadas, oito apresentam queda das populações, duas estão estáveis e apenas uma aumenta. Para as outras seis, a tendência ainda é incerta.
Na França, a organização Noé Conservation, em parceria com o Museu da História Natural de Paris, criou um observatório para avaliar o comportamento das borboletas. Florent Planas, diretor de Programas da organização ambiental, explica são as ações do homem que causam impactos nos ecossistemas. “Especificamente sobre as borboletas, um dos maiores problemas é a intensificação da agricultura em campos abertos. E nas regiões montanhosas ou úmidas, a razão principal é o abandono da agricultura extensiva, quando os campos são cobertos por florestas menos favoráveis ao aparecimento das borboletas”, afirma.
Outro fator importante é que a maioria das borboletas são noturnas, e o homem raramente respeita esta condição de vida deste e outros insetos. “Mais de 5.200 borboletas são espécies noturnas, e apenas 257 diurnas. Percebemos então o quanto é necessário readaptar a iluminação para preservar a biodiversidade, porque o que vale para as borboletas, vale para todos os outros animais e insetos”, disse.
Situação no Brasil
No Brasil, a situação é menos alarmante, mas nem por isso confortável. Não existem estudos que avaliem a situação das populações de borboletas no país, mas o desmatamento tem afetado os ecossistemas nos últimos 80 anos. O pesquisador André Freitas, do Instituto de Zoologia da Unicamp, é especialista em borboletas e afirma que existem entre 50 e 60 espécies ameaçadas.
“Destas, 90% são da Mata Atlântica, que foi a região que mais sofreu com desmatamento. Muitas migram para outros habitats, mas não significa que elas conseguirão se adaptar”, observou.

*Duas espécies de borboletas brasileiras estão entre os 100 animais mais ameaçados do mundo. São a Actinote zikani, da Mata Atlântica de São Paulo, e a Parides burchellanus, do Cerrado.

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