Aprenda dicas simples para atrair borboletas para o quintal até mesmo nas grandes cidades e conheça as espécies mais frequentes, as árvores preferidas e os frutos que cativam esses insetos.
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Ter perto de si o principal símbolo da renovação parece trazer sorte e esperança. Os sentimentos, tão necessários em fases difíceis como a que passamos, ainda ganham forma com o colorido das borboletas. Tentar cativá-las para a visita aos quintais e jardins, porém, depende de certos conhecimentos e, buscando isso, o Terra da Gente conversou com especialistas nesses insetos para descobrir as principais estratégias para atrair as lindas voadoras.
As borboletas são alguns dos animais que realizam a completa metamorfose, passando de ovos, lagartas, pupas até a formação adulta. Para atraí-las utilizando árvores, flores e frutos precisamos de dois tipos de informação: quais são as espécies que usadas pelas lagartas e quais espécies são as favoritas das borboletas.
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Brassolis sophorae é conhecida como borboleta do coqueiro e é comum de ser identificada em áreas urbanas também — Foto: Pedro Alvaro Neves/Acervo Pessoal
O contato com as borboletas é uma forma de se aproximar da natureza, o que pode trazer benefícios à saúde, como o alívio de estresse e aumento do bem-estar
— Aline Vieira (aluna de mestrado em Ecologia do LABBOR)
O que plantar? O professor do Departamento de Biologia Animal da Unicamp, André Victor Lucci Freitas, especialista nesses insetos, destaca como “queridinhas” das lagartas o manacá verdadeiro, o maracujá, o tomate de árvore, a couve e as palmeiras, dentre outras. Já, para as borboletas, a estrela-do-egito, lantana, verbena, lavanda, flamboyânzinho, flor-de-mel e as margaridas.
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Veja algumas das espécies de plantas citadas para atrair lagartas e borboletas para os quintais
— Foto: Arte/TG
Se todas as árvores coloridas podem parecer capazes de conquistar esses animais, a beleza que chama atenção dos olhos humanos, não garante completamente a visita. A principal busca delas é pela facilidade de extração do néctar para a alimentação. Assim, a oferta de água adoçada em bebedouros de beija-flores e até de frutas pode ajudar a aproximar essas famintas.
“Apesar de espécies frugívoras serem raras nas cidades, colocar frutas pode atrair aves também, o que é bom de qualquer modo. Pode-se usar bananas, mamão e goiaba. Essas são as mais atrativas”, comenta o professor. Tanto plantar árvores dessas espécies quanto dispô-las em comedouros são boas iniciativas, porém o fruto deve estar em decomposição para agradar o paladar das borboletas, já que elas se alimentam do líquido liberado pela fruta quando fermentada.
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As espécies mais conhecidas, mesmo em áreas urbanas, são: borboleta-do-manacá (Methona themisto), borboleta-da-couve (Ascia monuste), borboleta-do-maracujá (Dione juno, Agraulis vanillae e Heliconius) e as espécies de borboletas-do-coqueiro (Brassolis spp.)
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Borboleta-do-manacá e borboleta-do-maracujá são exemplos de espécies que frequentam os jardins em áreas urbanas — Foto: Gabriela Brumatti/TG e Valeria Vieira/Acervo Pessoal
Quando elas chegam?
Algumas condições do ambiente aumentam a frequência das visitantes, como um clima ameno e úmido. Assim, áreas próximas à regiões arborizadas garantem mais diversidade de espécies. “Além disso, outro fator importante é a incidência de luz solar no jardim.
Quanto mais tempo o jardim for coberto por sol, melhor será para as borboletas, já que elas necessitam do calor do sol para manter sua atividade e voar”, reforça Aline Vieira, mestranda em Ecologia pelo Laboratório de Borboletas da Unicamp (LABBOR).
Exatamente por esse motivo, estações mais quentes, como a Primavera e o Verão, são as favoritas das borboletas. Com o acesso ampliado aos recursos, graças à floração e frutificação de diversas espécies, elas usam dois sentidos principais para detectar esses ambientes. “As lagartas têm baixa mobilidade. Assim, as fêmeas de borboletas encontram as plantas pelo cheiro, forma e cor, ou seja, usam visão e olfato”, explica o professor da Unicamp.
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Borboleta-da-couve é uma espécie muito conhecida mesmo em áreas urbanizadas e pode ser atraída com certas plantas — Foto: André Victor Lucci Freitas/Acervo Pessoal
Como se comportam? Quando as adultas percebem um lugar ideal para o desenvolvimento, geralmente levam em consideração também os “pratos preferidos” das lagartas. Como elas não são capazes de se alimentarem de qualquer planta, dependem dessas hospedeiras para o seu desenvolvimento pleno. No entanto, é possível que procurem outros locais para se tornarem pupas.
É o que explica a doutoranda em Ecologia do LABBOR, Luísa Mota: “elas são vistas caminhando fora de suas plantas hospedeiras, procurando um local apropriado para passar a fase de pupa. Muitas vezes, as encontramos em troncos ou mesmo muros e paredes, bem afastados das plantas que se alimentaram”. Nessa dispersão pelos jardins, as lagartas funcionam também como base da alimentação de muitos insetos e aves, tanto nas cidades quanto nas florestas.
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Em fase de pré-pupa, manchas laterais da lagarta começam a ficar amareladas e o inseto inicia o processo de tecer uma seda que o fixa na folha — Foto: Pedro Alvaro Neves/Acervo Pessoal.
Há riscos ou vantagens? Ao contrário do que dizem alguns mitos populares, borboletas não são capazes de cegar com o “pózinho” liberado pelas escamas de suas asas e não oferecerem qualquer perigo. A presença delas nos jardins só reflete o alto nível da qualidade de vida naquele ambiente e favorece a polinização.
“O único risco [de tê-las por perto] é querer mais e mais borboletas em nossas casas”, brinca André Victor.
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Borboleta do manacá recebe o nome por conta da planta devorada por suas lagartas — Foto: Luísa L. Mota/Acervo Pessoal
Já as lagartas de borboletas, de forma geral, não "queimam" (já que pelos e espinhos urticantes são mais comuns em lagartas de mariposas) ainda assim o ideal é não tocá-las. Outro ponto que pode parecer negativo é a capacidade desses insetos de devorar as plantas das quais se alimentam. Permanecendo meses se alimentando de grandes quantidades, podem desfolhar bastante uma árvore ou arbusto, levando em alguns casos à diminuição do crescimento ou da produção de flores e frutos. Porém, raramente, isso leva à morte dessas plantas, que se recuperam rapidamente quando as lagartas completam seu ciclo.
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Pupa de borboleta-do-coqueiro apresenta a fase que antecede a formação do indivíduo adulto — Foto: Pedro Alvaro Neves/Acervo Pessoal
“Muitas vezes, queremos as borboletas perto de nós, mas não pensamos o mesmo sobre as lagartas e não temos paciência com os danos que elas causam às plantas. Mas é bom lembrar da frase de Antoine de Saint-Exupéry em O Pequeno Príncipe: ‘É preciso que eu suporte duas ou três lagartas se quiser conhecer as borboletas’”, descrevem as pesquisadoras.
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Reprodução das borboletas dá origem aos ovos que são depositados nas folhas das plantas usadas como alimento pelas lagartas — Foto: Gabriela Brumatti/TG.
Créditos:
Por Terra da Gente