sexta-feira, 14 de março de 2014

PARASITISMO

Larvas de vespas que devoram as lagartas vivas!


“Que diabos de ovos são esses grudados na lagarta?”.

Quanto mais você conhecer o mundo dos insetos, mais irá se surpreender com ele!

Essas estruturas brancas presas na lagarta parecidas com ovos cilíndricos são na verdade pupas de uma vespa. Isso mesmo! Precisamos “começar do começo”… Bem, as vespas (insetos da mesma ordem das formigas e das abelhas) pertencentes, geralmente à família Braconidae, são conhecidas por serem insetos diminutos, com menos de 1 cm de cumprimento, no geral de cor escura que possui um ciclo de vida bastante interessante.
Aqui uma vespa escolhendo sua vítima, uma pobre lagarta gordinha e saudável!

Essas vespas escolhem uma lagarta bem saudável e gordinha para iniciar seu ciclo reprodutivo. Cuidadosamente utilizam seu ovopositor para fazerem a postura de seus ovos (que podem chegar a 80) sob o tegumento (a pele) da lagarta. O processo é tão sutil que a lagarta mal percebe o que está acontecendo. Uma vez inoculados no corpo da pobre lagarta, os ovos amadurecem e então eclodem. Dali, saem larvas de vespas famintas que iniciam logo seu ritual macabro: elas devoram toda musculatura e vísceras da pobre lagarta, tomando os devidos cuidados para que seus órgãos vitais não sejam comprometidos logo, pois com a morte do hospedeiro, todo o ciclo não teria sucesso.

As larvas da vespa, se alimentam e crescem ali mesmo, dentro da lagarta, que a essas alturas já não está tão bem. Quando estão devidamente desenvolvidas e prontas para se tornarem adultas, “comem” o caminho de volta através da pele do hospedeiro e uma vez fora, empupam formando inúmeros casulos ovais e esbranquiçados do lado de fora do corpo da lagarta. Ficam ali presos torturando a pobre lagarta até que comecem a emergir desses casulos. Quando as últimas vespas saem de seus casulos a nossa lagarta já estará tão indefesa e enfraquecida que terminará morrendo.
Essas vespinhas são consideradas inimigas naturais das lagartas. E funcionam como um controle de pragas principalmente nas plantações de tomate. Então, queridos leitores, se virem uma infeliz lagarta carregando casulos por aí, saiba que um fantástico ciclo de vida de uma vespa está prestes a concluir!


Com o tempo começam a emergir vespas adultas e a lagarta, enfraquecida,  morre!

A. O que é predação ?

Chamamos de predação sensu lato a toda interação entre dois indivíduos, na qual um deles se alimenta do outro. Usamos propositadamente este termo tão amplo (daí a expressão sensu lato ), para conseguir incluir num mesmo raciocínio interações reconhecidamente diferentes, mas que podem ser explicadas por um único corpo de teoria. Assim, estariam incluídos nesta terminologia, por exemplo:

I - um louva-deus devorando sua presa;
II- um percevejo predador atacando uma lagarta;
III - uma pulga sugando o sangue de um cão;
IV - fêmeas de louva-deus que se alimentam do macho após a cópula;
V - vespas que ovipositam dentro do corpo de lagartas;
VI - uma lagarta se alimentando de uma folha; etc.

Isto é, chamamos de predação sensu lato ao conjunto de interações conhecidas normalmente como predação (I e II acima); parasitismo (III); canibalismo (IV); parasitoidismo (V); herbivoria (VI).
O item (6), herbivoria, será visto numa aula à parte, pois trata-se de uma interação animal-planta. Todos os demais itens referem-se a uma interação animal-animal.

B. Quais as diferenças entre predador, parasita, parasitóide?


Predador: mata a presa rapidamente e precisa de mais de uma presa para completar seu próprio ciclo de vida. 

Parasita: não mata o hospedeiro e usa um número variado destes para completar seu próprio ciclo de vida. Isto é, se dois piolhos convivem numa mesma galinha, e ambos conseguem completar seu ciclo de vida, matematicamente cada piolho utilizou menos de um hospedeiro. Por outro lado, moscas cujas larvas se alimentam de um hospedeiro e, após atingirem a fase adulta, atacam outro hospedeiro, estariam usando mais de um hospedeiro para completar seu ciclo de vida.



Parasitóide: mata o hospedeiro lentamente e utilizam, no máximo, um hospedeiro para completar seu próprio ciclo de vida. Como existem casos de vários indivíduos parasitóides atacando o mesmo hospedeiro ao mesmo tempo, podemos dizer que estes individuos estariam usando menos de um hospedeiro para completar seu ciclo.

Convencionou-se chamar de (inimigo natural) qualquer inseto que se adequar a uma das três definições acima (predador ou parasita ou parasitóide).

Se plotarmos num gráfico o tempo necessário para causar a morte da presa (x) versus o número de presas necessárias para completar o ciclo do inimigo natural (y), é fácil visualizar regiões onde incluiríamos os três tipos de inimigos naturais.



Copiando a natureza, chegamos ao controle biológico clássico.

O controle biológico clássico refere-se à exploração, introdução, criação, liberação, estabelecimento e colonização de inimigos naturais de pragas, com o objetivo de reduzir o nível populacional de um determinado organismo indesejável. Este trabalho envolve a transferência de organismos vivos de uma região para outra ou mesmo de um país para outro, onde sempre corre-se o risco de introduzir organismos indesejáveis, junto aos organismos benéficos. 



Fontes:

INSECTA UFV
EMBRAPA MEIO AMBIENTE.


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