quarta-feira, 29 de julho de 2015

Apatura iris, cuja beleza esconde alguns hábitos alimentares nojentos.

Apatura iris é uma espécie  de borboleta, pertencente à família NymphalidaeA autoridade científica da espécie é Linnaeus, tendo sido descrita no ano de 1758.

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Apatura iris

Se você é do tipo que sonha com férias de verão no Reino Unido, poderá encontrar grupos de pessoas vagando por florestas carregando coisas bem esquisitas – incluindo peixe podre, queijo fedido e fraldas sujas. Calma, você não encontrou nenhum tipo de seita pelo seu caminho; eles estão lá para atrair a imperador-roxo, uma das borboletas mais esquivas da Grã-Bretanha, cuja beleza esconde alguns hábitos alimentares nojentos.
Segundo um dos entusiastas, Neil Hulme, o primeiro encontro com uma destas é inesquecível. “Meu pai e eu estávamos andando pela floresta, e nos deparamos com uma mulher de 30 anos vestindo calças com a bandeira dos EUA e abaixada. Alguns homens vestindo com câmeras e lentes longas estavam a fotografando por trás”, relembrou em entrevista à BBC. Ele se aproximou e percebeu que eles estavam tirando fotos de uma borboleta imperador-roxo que havia pousado nas costas dela.
Hulme ficou paralisado pela criatura, especialmente quando ela pousou na gola de sua camisa, ao que foi cercado pelos paparazzi de borboleta. “Em otimismo cego, estendi minha mão como um falcoeiro faria e ela pousou no meu dedo. Foi uma experiência incrível. Eu fiquei viciado”.
Assim começou um caso de amor de décadas, ao qual dedicou todos os seus verões em busca desta borboleta misteriosa – Iris, o nome do meio de sua filha, inclusive, é uma homenagem ao nome científico do inseto,Apatura iris.
O animal é tão elusivo porque só aparece uma vez por ano, durante o mês de julho.

A fêmea não possui a mesma cor vibrante do macho
A fêmea não possui a mesma cor vibrante do macho

Hábitos alimentares

A imperador-roxo é rara entre as borboletas. Ela evita flores, preferindo procurar alimento em cadáveres putrefatos de animais, fezes, poças de lama e até mesmo suor humano. Ela habita as copas das árvores e os machos, que ostentam o visual roxo, passam suas breves vidas “bêbados de seiva de carvalho, brigando em pleno ar e perseguindo fêmeas virgens”, diz Hulme. “Ele ataca tudo o que entra em seu espaço aéreo – chega a tentar perseguir grandes aves como urubus. E tem péssimos modos à mesa”.
O comportamento estranho de “Sua Majestade” – como a imperador é carinhosamente conhecida – inspira comportamentos igualmente incomuns em pessoas. Na propriedade do Castelo Knepp, a paisagem fica pontilhada por pessoas carregando enormes câmeras e binóculos.
Uma delas é Hazel Land, uma mulher de 71 anos que viajou cerca de quatro horas em busca do inseto misterioso. De seu bolso, ela tira um pedaço de queijo fedido, levemente envolto em papel-filme. “É a minha isca”, conta. “E você sempre pode comer um pouco no almoço”.
Já Hulme, que agora trabalha para associação de caridade Butterfly Conservation, tem sua própria receita secreta – uma pasta de camarão indonésio com um cheiro detestável chamado Belachan, que ele mistura com água quente e espalha nas trilhas. Às vezes, ele acrescenta peixe em conserva.

borboleta imperador-roxo (3)

Iscas nojentas

As pessoas tentam todos os tipos de coisas ridículas para atrair estas borboletas para o chão, tudo por uma fotografia cobiçada de suas asas resplandecentes. Isso inclui o uso de animais mortos por atropelamento, cocô de cachorro, peixe podre e até fraldas de bebês. Acredita-se que as borboletas sejam atraídas por sais e minerais.
“Meu amigo Matthew uma vez içou um salmão de 7 kg até o topo de uma árvore”, conta Hulme. “Esterco de raposa encharcado de urina é uma das iscas mais atraentes que há para a imperador-roxo. E existe uma boa pasta de peixe de Gana chamada Shito, embora eu não esteja conseguindo encontrá-la há alguns anos”. Na floresta Bentley, em Hampshire, as pessoas tradicionalmente penduram cascas de banana podre por aí – embora Hulme duvide um pouco da sua eficácia.
Um clérigo, o reverendo John Prebendary Woolmer, chegou a investir no poder da oração. Ele realiza um culto na floresta no início de cada temporada de imperador-roxo no condado de Northamptonshire para abençoar os passeios florestais. Sua estola roxa é bordada com borboletas.

Costume antigo

Embora incomuns, as táticas desses caçadores de borboletas não são novidade. A tradição de atrair estes insetos impressionantes remonta pelo menos 250 anos. Na época vitoriana, o auge da coleção de borboletas, caçadores atraíam imperadores-roxos com carcaças de corvos e coelhos em decomposição. Já no início do século XX, o lepidopterista I. R. P. Heslop comprou uma caçamba de estrume de porco para usar como isca e projetou uma rede de 11 metros de altura para caçá-las nas copas das árvores.
Mais recentemente, as pessoas têm usado plataformas elevadas – aquelas parecidas com as do carros de bombeiros – para tentar chegar até elas, ou mesmo tentam assustá-las com balões de hélio roxos ou arremessando torrões de lama. Hulme quer usar um drone, mas as hélices teriam que ser protegidas.
Matthew Oates, que içou o salmão, autor de “In Pursuit of Butterflies” (“Em busca de borboletas”, em tradução livre), é o maior especialista na imperador-roxo do Reino Unido, tendo dedicado 45 anos para tentar compreendê-la. Em anos anteriores, ele fez fétidos “banquetes de borboleta” em mesas montadas na floresta, com pratos de camarão podre e fatias fermentadas de águas-vivas para atrair os insetos.

Purple Emperor male (Apatura iris)

Segundo o especialista, só agora alguns dos mistérios que cercam esta borboleta estão começando a ser desvendados. “Muito do conhecimento sobre a imperador-roxo era suposição e mitologia – há enormes áreas sobre sua ecologia e outras dimensões sobre as quais não sabemos”, diz. “Por exemplo, sempre se pensou que elas eram dependentes de antigas florestas de carvalho. Na verdade, as lagartas alimentam-se do amento de pequenos arbustos do gênero Salix“.

Restauração ambiental

Tradicionalmente, esta moita era vista pelos guardas florestais como uma erva daninha e arrancada. Porém, em Knepp, um projeto de “retorno à vida selvagem” elaborado pelo proprietário do imóvel, Charlie Burrell, deve permitir que partes da terra retornem ao seu estado pré-agrícola natural e tem permitido que o habitat destes arbustos se desenvolvesse ao longo dos últimos 15 anos.
Em seguida, houve um boom na população destas borboletas, atingindo números surpreendentes neste ano. Isso pode marcar um enorme passo para a conservação da espécie.

Lagarta da imperador-roxo
Lagarta da imperador-roxo

Até agosto, as últimas imperador-roxo vão morrer. “Você fica triste quando acaba por mais um ano”, confesa Hulme. “Imperadores-roxos são esta maravilhosa celebração do verão britânico”.

“Sua Majestade”

A imperador-roxo foi definida pela primeira vez como espécie em 1758 e é uma das maiores borboletas do Reino Unido, perdendo apenas para a família Papilionidae, com uma envergadura de asas de até 8,4 centímetros. A borboleta adulta emerge no início de julho, com picos nas segunda e terceira semanas do mesmo mês. Ela é encontrada principalmente em florestas no centro sul da Inglaterra. Sua natureza elusiva torna difícil estabelecer quantas delas existem no Reino Unido, mas é considerada uma espécie que precisa ser conservada. [BBC]

***Fonte; http://hypescience.com/conheca-borboleta-que-se-alimenta-de-carne-podre/

sexta-feira, 3 de julho de 2015

TRIBUTO AO Sr. IVO RANK.

SÃO BENTO DO SUL – HISTÓRIA, CULTURA E TRADIÇÃO EM BORBOLETAS.


FAMÍLIA RANK - FRANCISCO RANK.

*Meus respeitos e apreço a esta pessoa que me iniciou nas minhas conquistas na arte de criar estes que são os mensageiros da paz, também conhecidas como (borboletas).
Muito obrigado Sr. Ivo Rank.

João Angelo Cerignoni


HISTÓRIA

            A família Rank é reconhecidamente tradicional na atividade e relacionamento com borboletas.


            Francisco Rank trabalhou na Usina Hidrelétrica Rio Vermelho construída em 1926. Trabalhando na Usina Rio Vermelho observou as mariposas atraídas pela luz. No ano de 1932 iniciou as atividades com as borboletas após seu colega de trabalho, Malewschik, fomentar a idéia de comercializar as mariposas na europa.
            Francisco começou a improvisar pequenos viveiros para criar borboletas e mariposas, colocando ramos e lagartas. O primeiro lote de borboletas foi vendido para o Sr. Anton Maller, residente de Corupá, que comercializava as borboletas com compradores da Alemanha, França e Estados Unidos. Aproximadamente no ano de 1914 vendiam para o Sr. Ricardo F. Direns Hofen de São Paulo, Capital. Este visitava a família Rank mensalmente, momento que também orientava a adoção de técnicas de coleta de insetos na Floresta, mandava cortar pequenas árvores e fazer estaleiros onde depositavam as madeiras que com o tempo iniciavam o apodrecimento atraindo besouros.
            Os filhos de Francisco sempre acompanhavam as atividades que envolviam as capturas e zelos pelas borboletas.      

IVO RANK

HISTÓRIA

            Ivo Rank, morador de Rio Vermelho em São Bento do Sul, apreciava as borboletas aos 4 anos e iniciou a coleta com 7 anos onde entrava na Floresta e bordas de mata para capturar borboletas e besouros, aos 10 anos de idade já apresentava domínio no tema e a vontade de criar as diferentes famílias de borboletas e mariposas, muitas que nascem a noite ou antes do amanhecer e admirava o nascimento das fêmeas. Observando o acasalamento de borboletas, como quando visualizou 30 machos voando sobre o viveiro, aumentavam a curiosidade, dedicação e paixão pelas borboletas.  


            Acompanhava seu pai na captura de mariposas. Em Rio Vermelho, aproximadamente em 1950 seu pai construiu uma “meia água” instalou duas lâmpadas para atrair mariposas. Em muitas situações passavam a noite acordados capturando e observando. Quando fechava a serração vinham muitas mariposas que não venciam pegar. Utilizam uma rede entomológica  e enchiam caixas com mariposas. No amanhecer do dia colocavam os insetos em envelopes, deitavam em prateleiras,  secando próximo do fogão de lenha.
            A família também fazia artesanatos com as borboletas e suas asas. Também forneciam borboletas para a Artefama que utilizava para os artefatos decorativos.
            A história de Ivo Rank a a referência de seu trabalho também foi acompanhado da divulgação e valorização da imprensa. No jornal A Gazeta de 21 de sembro de 1996 demostra a visita da Rede Globo e anuncia a reportagem que vinculará no final de semana no Globo Rural. No jornal.


            A Notícia datado de 4 de janeiro de 1996 apresenta a matéria “ O Plantador de Borboletas” matéria de Elenita Lanznaster que relata: “ Ali pode-se encontrar a “azulona” de nome científico Prepuna delfille, um casal de borboletas que, em 50 anos de trabalho só foi vista uma vez. Famosa pela raridade,diversos visitantes da Europa, Japão vem à casa de Rank especialmente para tentar comprá-las por preços acima de mil dólares. De acordo com o proprietário, elas não têm preço com as demais de sua coleção particular.”
           
ATUALIDADE        

            Em 2013 o Sr. Ivo Rank com 76 anos continua na observação e dedicação com as borboletas. Apresenta o primeiro borboletário licenciado pelo IBAMA de Santa Catarina, onde cada borboleta é registra e apresentada para a Associação. Comercializa as borboletas, mas também libera fêmeas e alguns casais. Defende a prática de criação dos Lepidópteros e argumenta o desmatamento e uso de agrotóxicos como maiores impactos para  favorecer o declínio da população de borboletas. Complementa que a criação de determinada espécie de borboleta pode gerar 100 ovos que irão gerar 100 indivíduos adultos, enquanto no habitat natural sobrariam menos que 10%.  A criação em cativeiro oportuniza proteção e a preservação de muitas espécies que hoje estão ameaçadas de extinção, pelo desequilíbrio ambiental. 


            O Sr. Ivo Rank domina a biologia dos lepidópteros, com os anos de estudo como auto didata e de observador do habita e ciclo de vida das borboletas, a forma de reprodução, o alimento associado com a vegetação correspondente a taxonomia entre outros. Também atribui o conhecimento adquirido e compartilhado reciprocamente com outros pesquisadores principalmente com o Dr. Luiz Soledade Otero (in memória) do Museu Nacional da UFRJ que lhe visitou periodicamente e entregava livros de Lepidópteras. Também trocou informações e experiências com outros pesquisadores como o Dr. Olaf Hermann Hendrik Mielke do Setor de Zoologia da UFPR  (Universidade Federal do Paraná) de Curitiba.
            A família Rank prossegue na criação de borboletas. Ivo Rank e sua esposa Olinda dedicaram  a vida na criação, preservação e comercialização das borboletas. Mas este legado é passado para seus descendente e seus filhos Ildo; Osni; Osiel; Otoniel; Marlene; Glaci; Noeli; Ruth; Claudinisse; Carim; Carmem também dedicam a atenção com as borboletas, já seus filhos Daniel; Arildo e Rosimeri apreciam as borboletas mas não desenvolvem a atividade diretamente. O conhecimento adquirido é transmitido para as gerações fomentando a cultura, preservação e a tradição deste grande legado.








            

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