quarta-feira, 28 de maio de 2014

Editora Inpa lança Guia Ilustrado de Borboletas e Vozes da Floresta.


O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) lançou, nesta sexta-feira (23), dois novos títulos editados pela Editora Inpa, o ‘Guia Ilustrado de Borboletas da Reserva Florestal Adolpho Ducke’ e o ‘Vozes da Floresta: A Arte de Contar Histórias do Passado e do Cotidiano Indígena’.  O lançamento será, às 10h, no Auditório da Ciência, situado no Bosque da Ciência, na rua Otavio Cabral, s/nº – Petrópolis (zona sul de Manaus).



Nos últimos oito anos, a Editora Inpa produziu 98 publicações, entre livros, cartilhas e revistas. Além disso, o Instituto participou da produção de mais de 200 títulos editados por outras editoras, que foram espalhados pelo Brasil e pelo mundo  


“O desafio de escrever um livro para a população, de uma maneira geral, como o ‘Vozes da Floresta’ e o ‘Guia Ilustrado de Borboletas’ é apenas a ponta de um grande iceberg que precisamos traduzir para a sociedade brasileira acerca da Amazônia”, assim declarou o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), Adalberto Val, durante o lançamento dos dois novos livros, nesta sexta-feira (23), no Auditório da Ciência do instituto.
O Guia Ilustrado de Borboletas da Reserva Florestal Adolpho Ducke tem como autores Rosemary S. Vieira, Catarina Motta (in memorian), Daniela B. Agra, Livia Maciel Lopes e Kelve F. S Cezar. A obra apresenta 105 espécies de borboletas com o objetivo de atender parte da demanda de estudantes e técnicos do Inpa e de outras instituições empenhadas em promover o conhecimento e a manutenção da biodiversidade na Amazônia. Além disso, pretende estimular o turismo científico e ecológico na Reserva Florestal Adolpho Ducke. 
Cristina Motta Bührnheim, professora da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), filha da pesquisadora Catarina Motta (in memorian), participou do lançamento do livro Guia Ilustrado de Borboletas da Reserva Florestal Adolpho Ducke, representando os demais autores. “Esta é uma realização da minha mãe que plantou várias sementinhas. Este livro vai ajudar na divulgação do conhecimento sobre borboletas, não só para os entomólogos e colecionadores, mas também para um público interessado na beleza desse mistério tão carismático, e o livro mostra um pedacinho dessa diversidade espetacular das borboletas”, destacou.
A autora do livro “Vozes da Floresta: A Arte de Contar Histórias – Histórias do Passado e do Cotidiano Indígena”, a pesquisadora Ana Carla Bruno, ressalta que as histórias contidas na obra são dos Waimiri Atroari e ela foi responsável por compilar, organizar e traduzir para o português e dar sentido aos versos. “Agradeço, principalmente, aos Waimiri Atroari que abriram as portas das suas casas para mim e permitiram entrar nas suas aldeias e compartilharem suas histórias comigo”, disse Ana Carla, acrescentando que o livro é fruto de um trabalho de mais de 20 anos.
Para o editor-chefe da Editora Inpa, o pesquisador Mario Con-Haft, os lançamentos são “momentos de realização” para a nossa equipe. De acordo com ele, a Editora Inpa tem por função a editoração e a produção da Revista Acta Amazônica, além da produção e a divulgação de outros livros. “Esse guia de borboletas representa o que já está se tornando uma tradição dentro da editora, que é a produção de livro de identificação da biota amazônica e isso é uma coisa que nos orgulha bastante”, destacou Con-Haft.
Para o coordenador de Ações Estratégicas e diretor-substituto do Inpa (Coae), Estevão Monteiro de Paula, os livros são uma demonstração de que o Inpa tem alguns pesquisadores extremamente dedicados. “Eles sabem e gostam do que fazem”, disse o coordenador.

Divulgação Científica

Para Adalberto Val, os cientistas, de uma maneira geral, estão acostumados a escrever para os seus pares. “É muito mais fácil escrever um artigo para uma revista científica do que traduzir aquilo do que fazemos numa linguagem simples e perceber que a sociedade entende aquilo que foi escrito, isso não é uma tarefa trivial”, revelou o diretor.
Segundo Val, apenas 5% dos grandes cientistas do mundo se debruçam sobre essa atividade de escrever livros que decodificam a ciência (divulgação científica) e são responsáveis por 95% dos das publicações que circulam no mundo inteiro com esta característica. Ele revela que, atualmente, existe um movimento mundial para que se ampliem esses 5%, nos próximos dez anos. “Ana Carla e o conjunto de autores do Guia de Borboletas estão nestes 5% que fazem este belíssimo trabalho da socialização da informação”, destacou.
Para o diretor do Inpa, as duas novas publicações chamam atenção para duas questões fundamentais: uma é a interdisciplinaridade e a outra é a inclusão social e a geração de renda. “Acredito que não temos mais espaço para a ciência focal, estamos caminhando cada vez mais para a ciência da interface”, explica Val.
Quanto à questão da inclusão social e geração de renda, o diretor salienta que a região amazônica é pródiga nesse sentido. “E, além disso, é pouco explorada no que se refere às possibilidades que podemos oferecer para a sociedade e para o cidadão comum em conhecer um ambiente natural, como plantas, pássaros e borboletas”, defendeu.
Adalberto Val fez um balanço de sua administração que se encera no próximo mês junho. Segundo o diretor, nestes últimos oito anos, foram produzidas 98 obras pela Editora do Inpa e mais 200 títulos sobre diferentes assuntos editados por outras editoras com a participação do instituto e foram espalhados pelo Brasil e pelo mundo. “Esse é um momento de reconhecimento dessa realização. Com estas ações, chegamos ao fim desse mandato com o Inpa novo e com os portões abertos se comunicando com a sociedade”, disse.
Ele comenta que nada disso seria possível só com o editor; é preciso ter um grupo de trabalho forte e a Editora do Inpa tem uma equipe assim. “O Inpa precisa se fortalecer cada vez mais e ter uma editora forte, competente e competitiva para o mundo internacional. Definitivamente temos um Inpa preparado para o futuro”,ressalta.

Aquisição

“Guia Ilustrado de Borboletas da Reserva Florestal Adolpho Ducke” custa R$ 50 e o livreto “Vozes da Floresta: A Arte de Contar Histórias – Histórias do Passado e do Cotidiano Indígena” R$ 10. Ambos os livros e outros títulos podem ser adquiridos na livraria da Editora Inpa, em horário comercial, situada na sede do instituto, no Campus I, na Av. Otávio Cabral, s/nº esquina com Av. André Araújo, bairro Petrópolis, ou ainda pelos telefones (92) 3643-3223 / 3643-3438 ou via e-mail editora@inpa.gov.br. Para conhecer o catálogo completo das obras basta acessar o sitehttp://editora.inpa.gov.br

Por Luciete Pedrosa – Ascom Inpa
Foto: Henrique Lima

Borboletas e libélulas de cores claras prosperam com aquecimento global

O aquecimento global pode não ser muito bom para ursos polares, mas o clima mais quente na Europa está ajudando borboletas e libélulas de cores claras a ganharem mais espaço na natureza.

Espécie de borboleta Pieris mannii Foto:Reprodução

Um novo estudo publicado esta semana no jornal Nature Communications pelos cientistas da Imperial College London, Philipps-University Marburg e Universidade de Copenhague sugere que as espécies de borboletas e libélulas, que possuem cores claras, estão aumentando seu alcance territorial com o aquecimento do clima europeu. Os cientistas descobriram que as espécies de cores escuras estão se movendo para o norte, fugindo do calor.
A lógica por trás do estudo não é exatamente reveladora. Cientistas já sabiam que animais de cores escuras são capazes de absorver melhor o calor e permanecerem quentes em climas frios, enquanto animais de cores claras podem refletir a luz e se prevenirem de se aquecerem demais em climas quentes.
Segundo os cientistas, o mais importante é que os estudos é uma evidencia de que o aquecimento global já está afetando várias espécies. "Nós sabemos agora que borboletas e libélulas de cores claras estão se dando melhor em um mundo mais quente", explicou Carsten Rahbek, professor no Imperial College of London. "E nós também demonstramos que os esfeitos da mudança climática onde as espécies vivem não é algo do futuro, mas que a natureza e seu ecossistema está mudando enquanto conversamos."

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Ecologia da Borboleta-Monarca.

Casal de Borboletas-monarcas (Danaus plexippus) em cópula.


As borboletas-monarcas (Danaus plexippus) são nativas das Américas do Norte e do Sul. No século XVII, entretanto, espalharam-se para outras partes do mundo. As monarcas foram vistas primeiramente no Havaí por volta de 1840 e posteriormente em várias ilhas do Pacífico Sul entre 1850 e 1860 (Ackery e Vane-Wright, 1984). No início da década de 1870, as primeiras monarcas foram reportadas na Austrália e Nova Zelândia (Gibbs, 1994). Não está claro exatamente como e por que a emigração ocorreu. Uma possibilidade seria o transporte das monarcas em navios, tanto como larvas levadas a bordo com as asclépias do estaleiro ou como monarcas adultas que pousaram nos navios que fariam viagens oceânicas. É muito provável o envolvimento de humanos no processo, porém não se sabe até que ponto. Pelo fato de as monarcas da América do Norte geralmente conseguirem voar mais de 2.200 Km durante a migração, é possível que algumas tenham percorrido a jornada sozinhas (Vane-Wright, 1993).No hemisfério ocidental, existem duas subespécies da borboleta-monarca: a Danaus plexippus plexippus presente no sul do Canadá, Estados Unidos, México e na maioria das Ilhas do Caribe, América Central e norte da América do Sul, e a (2)Danaus plexippus erippus ocorrendo no Peru, Bolívia, Chile, Argentina, Uruguai, Paraguai e leste do Brasil. Nenhuma subespécie foi registrada na região noroeste do Brasil.Ecologia da Reprodução das MonarcasVisão Geral. As larvas da monarca são herbívoras especialistas, consumindo apenas as plantas hospedeiras da família das asclépias (Asclepiadacea). 

 Ovos e lagartas em sua planta hospedeira da família (Asclepiadacea). 

Utilizam a maioria das mais de cem espécies da América do Norte desta família (Woodson, 1954), alimentando-se ao longo de uma ampla faixa geográfica e temporal, cobrindo grande parte dos Estados Unidos e o sul do Canadá. Em um ano típico, uma geração é produzida na região sul desta faixa pelas borboletas que estão voltando da migração, enquanto duas a três gerações são produzidas na região norte.
Monarcas e Asclépias. As asclépias fornecem às monarcas uma defesa química eficaz contra vários predadores. As monarcas extraem os cardenolídeos (também denominados glicosídeos cardiotônicos) presentes nas asclépias (Brower e Moffit, 1974), tornando-se venenosas à maioria dos vertebrados. Entretanto, muitos predadores invertebrados, bem como algumas bactérias e vírus, não se contaminam com as toxinas ou são capazes de neutralizá-las. Não se entende completamente até que ponto as asclépias protegem as monarcas dos predadores invertebrados, embora uma descoberta recente, a qual constatou que as vespas têm menor propensão a atacar as monarcas que se alimentam de asclépias e apresentam altos níveis de cardenolídeos, sugira que esta defesa é pelo menos de certa forma eficaz contra predadores invertebrados (Rayor, 2004).
Os benefícios que as monarcas recebem dos cardenolídeos não são gratuitos. A concentração de cardenolídeos nas asclépias varia significativamente de uma espécie para outra, e mesmo dentro da mesma espécie. Além disso, a toxina e o látex viscoso produzidos pelas plantas fornecem defesas contra herbívoros. As monarcas parecem ser afetadas negativamente pelo consumo de plantas com elevados teores de cardenolídeos e, de fato, podem morrer de inanição quando a mandíbula fica colada pelo látex ou o corpo atolado numa gota de látex formada quando a planta sofre algum dano (Zalucki e Brower, 1992; Malcolm e Zalucki, 1996; Zalucki e Malcolm, 1999; Zalucki et al., 2001). As larvas maiores reduzem este risco quando mastigam e cortam a base do veio central da folha da asclépia, interrompendo o fluxo de látex viscoso para o restante da folha, permitindo, portanto, uma alimentação mais eficaz.
Lagarta de Danaus plexippus

Da mesma maneira que outras plantas, ocorre uma variação na capacidade de a asclépia atuar como hospedeiro para insetos. Muitos insetos sofrem uma restrição de nitrogênio (McNeil e Southwood, 1978; Mattson, 1980, Scriber, 1984, Slansky e Scriber, 1985, White, 1993). Eles precisam consumir grandes quantidades das plantas hospedeiras para acumular nitrogênio suficiente para o crescimento e desenvolvimento, uma vez que o tecido do animal geralmente é composto de 7 a 14% de nitrogênio por peso seco (PS) e as plantas contêm de 0,03 a 7,0% de nitrogênio PS (Mattson, 1980). Os níveis de nitrogênio na folha variam de uma estação para outra, à medida que o tecido da planta envelhece e conforme as plantas alocam mais recursos para o tecido reprodutivo. Além disso, as plantas crescem em habitats com diferentes níveis de nitrogênio disponíveis no solo. Lavoie e Oberhauser (2004) estudaram a reação das larvas da monarca às plantas manipuladas por tratamentos com fertilizantes, contendo variáveis níveis de nitrogênio na folha, e constataram que elas compensavam o baixo teor de nitrogênio nas folhas ao consumir uma quantidade maior de tecido da planta por dia.Se o maior consumo as torna mais vulneráveis à predação ou às defesas da planta, isso poderia resultar em menores níveis de saúde.
A planta hospedeira mais importante do norte é a Asclepias syriaca (asclépia-comum, mas várias outras espécies também são utilizadas, inclusive a A. incarnata (asclépia-do-brejo  e a A. tuberosa (asclépia-das-borboletas. As plantas hospedeiras das Planícies Centrais incluem a trepadeira Cynanchum laeve (trepadeira-da-areia). Uma planta invasiva da região nordeste do mesmo gênero (C. nigrum) espalhou-se em direção oeste até Wisconsin. Esta espécie atrai as fêmeas que põem ovos, embora as larvas da monarca não sobrevivam na mesma (Haribal, 1998). No sul, as plantas hospedeiras mais importantes são provavelmente a Asclepias oenotheroides (asclépia zizotes), a A. viridis (asclépia-aranha) e a A. asperula (asclépia-chifre-de-antílope), todas bastante comuns em todo o Texas e em outros estados do sul dos Estados Unidos.

Produção de ovos. É difícil dizer quantos ovos as fêmeas das borboletas põem durante a vida, mas a média na natureza figura provavelmente entre 300 e 400. As borboletas-monarcas em cativeiro põem uma média de 700 ovos por fêmea durante um período de 2 a 5 semanas de oviposição, com um recorde de 1.179 ovos (Oberhauser, 1997). Os ovos das monarcas abrem cerca de quatro dias depois de postos, mas a taxa de desenvolvimento nesta fase, como em todas as outras fases, depende da temperatura, de modo que os indivíduos em ambientes mais quentes se desenvolvem mais rapidamente (Zalucki, 1982). As proteínas, as quais são um constituinte importante dos ovos, devem ser derivadas dos nutrientes ingeridos durante o estágio larval ou obtidas dos machos quando do acasalamento (Boggs e Gilbert, 1979, Oberhauser, 1997). Embora um único ovo de monarca  pese apenas cerca de 0,460 mg, o equivalente a quase 1/1.000 da massa do adulto, as fêmeas geralmente põem uma quantidade de ovos superior à sua própria massa ao longo da vida.
Como todos os insetos da Ordem Lepidóptera, seu ciclo compreende as fases de Ovos, lagartas, pupa e adulto.

Lagarta e pré pupa

Pupa emergindo adulto.


Karen S. Oberhauser
Departamento de Pesca, Vida Selvagem e Biologia de Conservação,
Universidade de Minnesota,
St. Paul, Minnesota, EUA
Michelle J. Solensky
Departamento de Biologia,
The College of Wooster
Wooster, Ohio, EUA

Nota. Esse artigo online é continuamente atualizado e revisado logo que resultados de novas pesquisas científicas tornam-se disponíveis. Portanto, apresenta as últimas informações sobre os tópicos abordados.

Todas informações e maie em: 
http://www.ecologia.info/borboleta-monarca.htm