sexta-feira, 17 de abril de 2020

O criador de borboletas.


Fernando Corrêa Campos Neto, foi uma das pessoas que nos ajudou muito quando começamos a estudar a possibilidade de montar aqui na ESALQ/USP - Piracicaba - SP., um borboletário.
Meus eternos agradecimentos a esta pessoa dona de muita simpatia e dominar a arte de criar borboletas, por ter compartilhado comigo seus conhecimentos, contribuindo com boa parte de tudo que sei hoje.



Fernando Corrêa Campos Neto. Foto: Acervo pessoal.

No jardim da casa de Fernando Corrêa Campos Neto, em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte, não são flores ou gramado que dominam o ambiente. O que ocupa quase todo o espaço é uma estrutura metálica de 24 metros quadrados cercada por telas. Dentro dela sim, está a riqueza do jardim: plantas, borboletas e lagartas. O borboletário privado, único em Minas Gerais e um dos raros no país, é fruto da paixão desenvolvida por Fernando nos últimos 12 anos, em defesa da existência desses frágeis insetos.
Fernando Campos é técnico em Química e trabalha na Petrobrás. Passa os dias vigiando em painéis de controle as operações da Refinaria Gabriel Passos (Regap), na cidade vizinha de Betim. O que o aproximou de lagartas e borboletas foi outra predileção: fotógrafo amador, ele se dedicava há tempos a clicar a natureza, perseguindo em especial as imagens de borboletas. Mas como elas são comumente castigadas por sua própria fragilidade, Fernando achou melhor criar os lepidópteros e registrar, passo a passo, a evolução de sua vida. “É difícil chegar perto das borboletas quando elas estão soltas na natureza. Eu queria fotografá-las novas e inteiras”, lembra.
Foi o que começou a fazer em 1993, coletando ovos e lagartas e criando os bichos em seu apartamento. Logo percebeu as dificuldades da iniciativa e construiu, na casa de uma tia, seu primeiro borboletário. Do manejo, aprendido com dedicação aos livros e pesquisas, amadureceu outra idéia. Fernando encontrou respaldo na Petrobrás, em 1994, para desenvolver um projeto-piloto de preservação e conservação de borboletas e chegou a manter um viveiro, com dez espécies, na área da Regap. A empreitada levou-o a conhecer seu primeiro mestre, o professor e entomólogo carioca Luiz Soledade Otero, então trabalhando no Museu Nacional, que lhe orientou em todo o processo.

O primeiro borboletário público do país. Foto: Acervo pessoal.

O projeto com a Petrobras não foi pra frente, mas Fernando tanto fez que acabou encontrando o parceiro ideal. O ex-presidente da Fundação Zoobotânica de Belo Horizonte, Hugo Werneck, adotou prontamente a idéia de construir o primeiro borboletário público do país (foto), inaugurado em 1996. Ali vivem hoje em média mil borboletas de 12 espécies. “Algumas estão presentes o ano inteiro, outras são sazonais”, explica o agrônomo Ivan Assunção Pimenta, que assessorou Fernando na criação do borboletário.
O sucesso da empreitada fez Fernando mudar-se para uma casa e construir, bem na entrada, o borboletário privado, que atualmente abriga cinco espécies. Mas o jardim já não é suficiente para as pretensões do criador. A casa onde vive com a mulher Márcia e dois filhos adolescentes é uma espécie de extensão do borboletário. Pela varanda e pela sala, espalham-se garrafas com galhos lotados de lagartas e mudas de plantas variadas para alimentá-las. Márcia aprendeu a cuidar dos bichos e quando liga para Fernando, no serviço, em vez de pedir o pão para o lanche pede folhas para as lagartas. Tamanha intimidade com lagartas, borboletas e mariposas (que têm hábitos noturnos) afastou Fernando do amadorismo. Ele se tornou um dedicado pesquisador e passou a prestar consultoria para a implantação de outros borboletários. São pouco mais de dez em todo o Brasil, a maioria fruto de investimento empresarial.

Caligopsis seleucida. Foto: Acervo pessoal.

Os fins de semana, feriados e momentos de folga, ele investe no conhecimento das espécies e da flora hospedeira, em matas próximas à capital mineira ou viagens que já o levaram até as florestas amazônicas. Conheceu especialistas, uniu-se a eles e publicou trabalhos em revistas especializadas. Em Carajás, no Pará, capturou uma Caligopsis seleucida (foto), borboleta que só havia sido estudada na fase adulta. Fernando criou a espécie por várias gerações e registrou toda a sua biologia com a ajuda do amigo pesquisador Eurídes Furtado.
Agora, prepara-se para participar de um projeto de preservação da Parides burchellanus, espécie ameaçada de extinção, da qual se conhece apenas duas populações: em Casa Branca, região metropolitana de Belo Horizonte, e em Planaltina, Distrito Federal.
Os últimos registros dessa borboleta foram feitos em 1968, quando foi capturada por um colecionador em Belo Horizonte. A Parides burchellanus (foto) coloca seus ovos em uma planta que cresce na beira de córregos. “Se o córrego inundar ou secar, a existência desta borboleta ficará muito ameaçada”, diz Fernando, explicando que há outras espécies em risco no país. “Os borboletários são também muito importantes para a preservação das espécies”, assinala Fernando.

Parides burchellanus. Foto: Acervo pessoal.

Envolvido há muito com os mistérios que rondam a Parides burchellanus, Fernando já encontrou novos lugares com ocorrência da planta hospedeira, mas não do próprio inseto. A pesquisa seguirá esses passos e tentará identificar outras regiões onde a borboleta vive, além de especificar um plano de manejo para sua preservação. A equipe coordenada por Ivan Pimenta, da Fundação Zoobotânica, conta ainda com o biólogo Paulo Fernandes Scheid e o entomólogo André Victor Lucci Freitas, da Unicamp, e é patrocinada pelo Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA).
Fernando Campos investe ainda em outro projeto: a criação de “lagartas assassinas”, cientificamente conhecidas como Lonomia obliqua (fotos ao lado e abaixo). Quando tocadas, elas provocam no organismo humano uma síndrome hemorrágica, que pode levar à morte. O entomologista autodidata pretende criar as “lagartas assassinas” e fornecê-las ao Instituto Butantã, em São Paulo, que fabrica o soro distribuído em lugares de incidência da espécie. “As ocorrências de acidentes com essas lagartas são cíclicas e o que quero é criar um protocolo que auxiliará na identificação das lagartas e nos procedimentos de tratamento”, conta.

Lonomia obliqua. Foto: Acervo pessoal.

O criador já pensou em ganhar dinheiro com sua produção. Há alguns anos, sonhou com a idéia de criar borboletas para serem soltas em casamentos, inspirado num costume de alguns países europeus. Desistiu da novidade ao concluir que, se ela desse certo, poderia gerar superpopulações de borboletas, causando um problema ecológico.
Calcula-se que no Brasil existam 3.500 das cerca de 17 mil espécies de borboletas conhecidas em todo o mundo. Conhecer borboletas significa conhecer também suas plantas hospedeiras, que influenciam diretamente nas características e na presença das espécies. As lagartas têm apetite voraz e para criá-las a flora não é nem de longe um detalhe. Numa simples comparação à lagarta da Monarca, que nasce do tamanho da cabeça de um alfinete e se transforma num bicho de um dedo de comprimento, antes de virar uma borboleta tóxica com corpo muito colorido, um ser humano teria que comer 20 quilos de salada por dia. “Existem lagartas que dobram de tamanho num espaço de 24 horas”, explica Fernando.

Foto: Acervo pessoal.

Durante a fase de crescimento, as lagartas trocam de pele quatro vezes, até começarem a produzir o casulo de seda (no caso das mariposas) ou o casulo duro (pupa), depois crisálida. As borboletas são insetos de metamorfose completa, com quatro fases bem distintas: depois do acasalamento, os ovos são colocados já fecundados, eclodem em lagartas, que passam a crisálida, quando então permanecem imóveis, mas em profunda transformação, até se tornarem borboletas.
Para Fernando, a ausência de um número maior de borboletários no Brasil deve-se à falta de investimentos em estruturas públicas de lazer, já que o país tem clima ideal para a reprodução dos insetos e grande diversidade de espécies. As borboletas não têm controle de temperatura, por isso precisam do sol para se manterem aquecidas. E também da umidade, para não desidratarem. Daí ser a primavera a época mais propícia para vê-las, quando flores e plantas também estão em seu resplendor.

Foto: Acervo pessoal.

No Jardim Zoológico de Belo Horizonte, elas atraem cerca de 400 visitantes todo sábado. No borboletário só entram grupos pequenos, que têm que tomar cuidado para não pisar nos bichos ou quebrar plantas. A vantagem é poder observar as borboletas numa proximidade que nenhum outro animal do zoológico permite. “Isso é muito interessante, porque as pessoas amam as borboletas mas odeiam as lagartas. No borboletário, elas percebem que são etapas da vida de um mesmo ser”, ressalta Fernando.
As borboletas carregam forte simbologia ao longo das civilizações. Os cristãos associam a transformação da lagarta em borboleta à ressurreição de Jesus Cristo, os egípcios acreditavam que seus deuses se metamorfoseavam para escapar da morte, os ingleses cultivavam a idéia de que mulheres que comessem borboletas engravidariam e os gregos relacionavam esses insetos à alma humana à espera da reencarnação. No entanto, elas definitivamente não servem como bichinhos de estimação. Seu tempo médio de vida é de um mês, porém algumas espécies não passam de uma semana. A vida efêmera das borboletas, para Fernando, é mais uma lição aos homens. “Pessoas que sofrem com a angústia do fim poderiam aprender muito com elas”, ensina.
Direitos autorais:* Roselena Nicolau é mineira de Belo Horizonte e jornalista. Foi repórter do Jornal do Brasil por 12 anos é correspondente da Agência Sebrae de Notícias.
Abraços e felicidades amigo Fernando.

quarta-feira, 8 de abril de 2020

Metamorfose da borboleta

Plano de aula prática 

Fixação de conteúdo da aula sobre metamorfose dos animais, veja abaixo roteiro de aula, você pode baixá-lo em PDF!


metamorfose é um processo de mudanças na forma do corpo de alguns animais durante o seu desenvolvimento. Os animais que passam por metamorfose geralmente são artrópodes ou anfíbios.
Preparamos uma aula prática para que você possa fixar os conteúdos com seus alunos do ensino fundamental – primeira fase.
Professor(a): lembre-se que para essa aula seus alunos já devem ter um conhecimento prévio do que é metamorfose.

Plano de aula prática – Metamorfose dos animais.


TEMA: Metamorfose – Mudanças corporais durante o desenvolvimento da borboleta
TEMPO SUGERIDO: 1 aula de 50 minutos
OBJETIVOS:
MATERIAL NECESSÁRIO:
  • Projetor de vídeo ou televisão
  • Vídeo disponível no link: Cocoricó – Metamorfose das borboletas
  • Macarrão tipo gravata (farfalle), parafuso (fusilli) e conchinha (conchigliette)
  • Sementes de feijão
  • Prato
  • Barbante
  • Folhas pequenas
  • Folhas sulfite
  • Tinta guache de cores variadas
DESENVOLVIMENTO:
  • Antes de tudo, divida os alunos em duplas e distribua um kit para cada dupla, lembre-se que você pode reutilizar os pratos descartáveis e os barbantes em todas as suas turmas.
  • Relembre aos alunos o que é metamorfose (5 minutos).
  • Passe o vídeo sugerido no link acima ou outro de sua preferência (4 minutos).

  • Converse com os alunos sobre o ciclo de vida da borboleta (3 minutos).
  • Peça para que eles escrevam o ciclo da borboleta no caderno (5 minutos).
  • Depois montem juntos o ciclo de vida das borboletas usando as folhas, os feijões e os macarrões, use o prato como base e o barbante para separar as fases (10 min).

  • Proponha que agora os alunos desenhem uma borboleta usando uma folha sulfite e tinta guache. É só dobrar a folha ao meio, colocar alguns pingos de tinta de um lado e fechar a folha, formando uma linda borboleta (10 minutos, nessa etapa cada aluno pode fazer sua borboleta individualmente).
Plano de aula – Metamorfose – Borboleta com tinta guache

AVALIAÇÃO:
Ao final da sua aula, cada aluno deve ser capaz de explicar o que é metamorfose e reconhecer as fases do desenvolvimento de uma borboleta.