quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Algumas curiosidades dos insetos.


Formigas x Árvores , Insetos galhadores x carvalhos, Insetos x Flores, Insetos que recrutam outros como babás, Insetos que recrutam outro para o serviço diário...




- Nas florestas da América do Sul existem clareiras onde só crescem determinados tipos de árvores, que são especiais (Embaúba). Elas tem protuberâncias nos galhos  que servem de lar para as formigas, as protegendo. As formigas, em troca, defendem as árvores dos insetos que tentam dela se alimentar e mantêm as plantas concorrentes a distância. Por isto existem estas clareiras.

Insetos galhadores x carvalhos 

- A larva de uma pequena vespa galhadora que vive na bolota de um carvalho. Quando as bolotas tem esta larva, elas mudam geneticamente e desenvolvem-se não em bolotas, mas em uma protuberância muito diferente, a galha, que protege e alimenta a larva. No inverno esta galha cai. A larva vive 9 meses no tecido do carvalho. 

Um único tipo de carvalho pode ser atacado por mais de 70 tipos diferentes de insetos galhadores.

Mas as galhas, mesmo duras, tem vulnerabilidades. Uma vespa aproveitadora tem uma broca no abdômen e injeta seu ovo em galhas com larvas. Como você prevê, a larva desta vespa vai se alimentar da larva que existe dentro da galha.

Insetos galhadores existem no mundo inteiro. Vamos a Califórnia conecer uma galha que fica pulando durantes 3 dias. Na Hungria uma outra galha se protege recrutando insetos, que a defendem e em recompensa recebem doce néctar

Insetos x Flores 

Algumas orquídeas recrutam uma mariposa para levar seu grão de pólen em forma de ferradura ou a   aranha caranguejo que fica quase invisível em uma flor branca. Ela tira vantagem da propaganda que a flor faz. As abelhas melíferas são mais propensas a visitar um flor que tem a aranha.

Insetos que recrutam outros como babás. 

- Formigas na Austrália carregam sementes para estocarem em seu formigueiro. E o bicho-pau derruba um ovo no chão. Este ovo parece uma nutritiva semente, com cápsula gordurosa e tudo. As formigas logo começam a levá-lo para o formigueiro. Seus ovos podem ficar três anos nele e permanecem intactos. Quando nasce o filhote de bicho-pau adulto, ele corre, sobre um uma árvore e leva a vida que seu pai levou.

- Os Desertos na Califórnia possuem uma espécie de besouro que recruta outros insetos para cuidar de seus filhotes. O besouro faz um buraco e põe os ovos. Seis semanas depois eles eclodem e sobem em uma planta até o topo, ficando todas juntas em uma bolota. O que elas querem é uma carona, que será uma abelha. O macho acha que essa bolota é uma fêmea e tenta acasalar. Todos os besouros sobem nele. Ele então percebe que não encontrou uma fêmea e que tem peso extra, mas vai em busca de um fêmea verdadeira. Ele encontra uma e os besourinhos se agarram a ela. A abelha vai então para seu ninho, onde os besouros saem e alimentam-se do pólen que ela trouxe.

Insetos que recrutam outro para o serviço 

- A Mosca do Berne do Brasil se alimenta de sangue e tecidos de gados. Ela é pesada e se pousar em um animal ele vai senti-la e a espantará. Então ela recruta uma mosca doméstica para fazer o serviço, capturando-a e colocando 30 ovos em seu corpo, com 1/3 do tamanho e leves o suficiente para não serem notadas pelo gado. Ela então vai até o gado e pousa nele para beber seu suor. O calor do corpo da vaca faz eclodir os ovos e as larvas nascem e se infiltram em sua carne. Depois de 2 anos, elas caem no solo, enterram-se para passar pelo estágio de crisálida e se tornarem moscas adultas.

Insetos que usam animais ou larvas de outros insetos como alimento para suas larvas 
- A aranha partilha seu alimento com uma larva parasita que está sugando seus fluidos. A hóspede passa cerca de 2 semanas grudada no abdômen da aranha e então injeta um hormônio que deixa a aranha louca e a faz morre. A larva suga os fuídos que restam em seu corpo e tece um casulo, onde seu corpo é desmontado e remontado em uma forma muito diferente, uma vespa.

- Algumas vespas parasitas, micro Hymenoptera, passam quase a vida inteira dentro da água. Os besouros colocam seus ovos na dentro do caule de uma árvore. As micro vespas colocam seus ovos seus dentro destes ovos que servirão de alimento.

- Vespas maiores perderam suas asas e parecem uma formiga. A cencídela é uma ótima predadora de formigas. Mas quando é larva não pode correr, por isto desenvolveu uma técnica especial de capturá-las. Ela faz um buraco na terra e fica dentro esperando um formiga passar. Mas a vespa metócha é uma refeição mais complicada e rápida. A vespa agarra o corpo da larva e a pica, sai do túnel e aguarda o efeito do veneno, que a paralisa. A vespa agora coloca seu ovo e fecha a entrada da armadilha da larva, para evitar interferência. Sua larva agora vai crescer e se alimentar do corpo paralisado da larva de cencídela.

- Os ninhos subterrâneos são os mais difíceis para os insetos parasitas. A larva da borboleta cuco vive dentro do formigueiro. Como elas conseguem isto? Na primavera, após a reprodução, as borboletas colocam seus ovos em uma planta chamada genciana. As larvas nascem e caem. As formigas a encontram e como ela tem um cheiro químico igual ao das larvas do formigueiro as levam para o berçário onde serão alimentadas e cuidadas, apesar de serem maiores e de cor diferente dos ovos do formigueiro.

Uma vespa parasita também quer colocar seus ovos no formigueiro. Mas ela tem uma intenção mais sinistra. Ela localiza um formigueiro que tem as larvas da borboleta cuco. A vespa entra e libera um feromônio que faz as formigas brigarem entre si e localiza a larva da borboleta cuco, onde ela colocará um único ovo em cada uma que localizar. A vespa faz o serviço e vai embora. A larva se transforma em crisálida, que contínua sendo tratada no formigueiro. De uma crisálida sai uma borboleta cuco, de outra, uma vespa.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

SAUVAS


Nota sobre: 


Saúva cabeça de vidro (Atta laevigata) e Saúva limão (Atta sexdens rubropilosa).

Saúva cabeça de vidro (Atta laevigata)


A saúva Atta laevigata constitui uma séria praga em sistemas agrícolas e florestais. Ocorre em todo o país. Os ninhos são grandes e formados por várias câmaras. São insetos sociais, com várias castas.
Danos: Os prejuízos causados pelas formigas cortadeiras são consideráveis. Atacam quase todas as culturas, cortando folhas e ramos tenros, podendo destruir completamente as plantas. As formigas operárias causam grande desfolha principalmente em plantas jovens, sendo consideradas pragas secundárias em culturas estabelecidas. Em áreas de reflorestamento e pomares recém implantados, causam grandes danos, bem como em viveiros de mudas.
Controle: Pode-se fazer arações profundas nas panelas e a eliminação de plantas (gramíneas) nativas, pois as formigas as usam para a criação do fungo que sustenta a colônia. O controle químico deve ser dirigido, visando a eliminação da rainha. Podem ser usados formicidas liquefeitos, iscas granuladas, pó ou através de termo nebulização. A isca granulada dispensa o uso de aplicadores, já que as próprias formigas as carregam para o ninho.


Saúva limão (Atta sexdens rubropilosa)




A Saúva e o nascimento do sauveiro.

Os insetos são o maior grupo de animais da Terra. Com quase 800.000 espécies conhecidas pela ciência e talvez com um número real de alguns milhões de espécies ainda por serem descritas, são mais numerosos que todos os outros grupos de seres vivos juntos!

Com mais de 100.000 espécies, os himenópteros são um dos maiores grupos de insetos. Abrangendo abelhas, vespas e formigas, este grupo possui espécies com uma fascinante organização social. A ordem, cooperação e eficiência do trabalho das formigas são tão famosos que até contos de fadas já retrataram isso com admiração.


Com tantas espécies assim, era de se imaginar que algumas fossem incluídas pelo homem como nocivas a suas atividades. Assim é com uma formiga muito especial, a saúva.


Mas como é organizada uma colônia de formigas? É comum as pessoas se lembrarem de pelo menos uma coisa: há três tipos de formigas em um formigueiro, que são a rainha, as operárias e os soldados.


A rainha é a maior formiga da colônia. Só faz outras atividades quando é jovem e está fundando sua colônia, pois quando madura se dedica exclusivamente a pôr ovos.


As operárias se subdividem em diversas funções. Há muitos tamanhos de operárias, conforme a atividade que exercem. Importante lembrar que, entre os insetos, tamanho não tem nada a ver com idade. Todas as formigas que vemos são adultas e estão com seu tamanho máximo, e suas diferenças se devem à alimentação que receberam durante a fase de larva.


Dentre as saúvas operárias há as que são cortadeiras, coletoras de folhas, transportadoras de alimentos no interior do formigueiro, escavadoras de túneis, lixeiras, auxiliares da rainha, babás de ovos e de larvas, “agricultoras” e “construtoras” das plantações de fungo e vigias.


Os soldados são formigas com a cabeça e as mandíbulas enormes. São encarregadas de proteger todo o ninho, e também as operárias que trabalham fora da colônia na coleta de folhas. Apenas raramente fazem o transporte de alimento ou larvas, quando o sauveiro está sob ameaça. Os soldados de saúva estão entre as mais fortes formigas.


Mas, além destas, começam a surgir em certas épocas do ano, quando a colônia de saúvas já se estabeleceu e tem por volta de três anos de idade, os indivíduos reprodutores, isto é, “rainhas” jovens (chamadas de “Içás” ou “Tanajuras”) e “reis” (os “Bitus”), machos que vivem apenas as horas necessárias para fertilizarem as fêmeas. Estas são as únicas formigas que possuem asas, e somente para um único vôo: a REVOADA.

Na primavera, quase que ao mesmo tempo, as colônias liberam milhares de içás e bitus para fora. É a revoada, ou vôo nupcial. De alguns sauveiros podem sair 45.000 bitus e 6.000 içás! Os bitus têm pouco tempo de vida para encontrar as içás. E estas já saem para a revoada levando uma “muda” do fungo que servirá para começar a plantação subterrânea das saúvas (veja em “A casa da saúva, sua alimentação e importância econômica”).


Se todas as içás, após fecundadas, conseguissem formar um novo sauveiro, a Terra seria dominada por formigas em poucos anos. Mas calcula-se que, com sorte, somente 0,05% das içás tem sucesso (como se, de cada 2.000 içás levantando vôo, só uma conseguisse criar um sauveiro maduro a ponto de fazer novas revoadas!).


Ninguém sabe exatamente como os diferentes sauveiros sincronizam as revoadas, mas sabe-se  quê: com muitas formigas voando ao mesmo tempo, os predadores não conseguem eliminar todas antes de ficarem empanturrados de formigas, e também há uma chance maior de içás e bitus de sauveiros diferentes se acasalarem, aumentando assim a variedade genética das saúvas.


E tudo se reinicia. Sozinha, a içá fecundada cava um buraco onde ficará para o resto de sua longa vida, o início da nova colônia, que só terá suas primeiras operárias depois de muitos dias. Só depois de 4 meses a primeira operária da colônia porá sua cabeça para fora da terra, outros tantos para que surjam soldados, e até anos para chegar a um tamanho facilmente observável para uma pessoa.


O sauveiro só acaba naturalmente quando sua rainha morre, mas isso só acontece após muito tempo. Algumas podem viver mais de 15 anos! Nenhuma outra rainha jovem ou operária pode substituí-la, ao contrário das abelhas. Mas mesmo depois da morte da reprodutora, o sauveiro pode sobreviver por meses. As revoadas dos anos anteriores terão sido herança desta rainha.


A casa da saúva, sua alimentação e importância econômica.

A saúva é uma formiga cortadeira, isto é, que corta folhas, cascas de frutos e outras partes de plantas encontradas para levar ao formigueiro. Mas esta não é sua fonte de alimentação. As saúvas usam todas estas folhas picadas como adubo para cultivar seu único alimento, um fungo (bolor) que cresce na matéria vegetal em decomposição.

Todo o sauveiro tem como objetivo permitir o desenvolvimento de novas formigas, inclusive para as revoadas, e cultivar o fungo. Como uma cidade, possui departamentos de trabalho divididos e operárias “especializadas” para cada atividade.

O sauveiro fica todo debaixo do solo. Apenas os sauveiros completamente desenvolvidos deixam aparecer um monte de terra solta, o “murundu”, em sua entrada principal. É a terra retirada para fazer os túneis subterrâneos onde as saúvas se locomovem e vivem.

Ao redor da entrada principal, por uma extensão que pode variar de alguns poucos metros para quase um quilometro, estão os “olheiros”, saídas secundárias dos túneis em direção às plantas que podem ser cortadas pelas saúvas. Um sauveiro pode ter mais de mil olheiros.

Muitos agricultores gastam inutilmente inseticidas nestes olheiros, se esquecendo que o murundu é o centro da colônia, e sob ele estão as suas partes principais: as “Panelas”, que se espalham por mais ou menos 60 m2 ao seu redor.

As panelas são espaços ocos onde as saúvas têm plantações de fungo, lixeiras, berçários etc. Cerca de meio metro abaixo do murundu de um sauveiro jovem, podemos encontrar uma panela principal. Nos sauveiros já maduros, não há uma de tamanho diferenciado que possa ser chamada de panela principal, e algumas podem estar a mais de 1,5 metros de profundidade. Em geral, as mais profundas e distantes do murundu são as lixeiras e são de todos os tamanhos. Em algumas, mal conseguiríamos colocar nossa mão, já em outras, podemos colocar um barril com folga. Algumas são encontradas vazias, prontas para receber plantações ou berçários para ovos, larvas ou pupas.

A partir das panelas saem túneis, alguns com centenas de metros de comprimento, que mantém as operárias protegidas pela maior parte de seu trajeto até as plantas de onde retiram as folhas. .A rainha fica em uma das panelas centrais, e está sempre cercada de centenas de operárias dedicadas a alimentá-la, limpá-la e recolher seus ovos para levar aos berçários. Conforme a necessidade da colônia, os ovos recebem diferentes cuidados até o estágio de pupa para que se tornem operárias ou soldados.

As “plantações” de fungo recebem as folhas trazidas pelas operárias transportadoras, enquanto as saúvas agricultoras têm como função mascar e arrumar os restos vegetais em estruturas semelhantes a “esponjas”, onde os fungos desenvolvem-se. Na colônia existem também as saúvas que agem como “garçons”, que alimentam com esses fungos os soldados, a rainha ou outras operárias que estejam ocupadas.

Aquilo que não é aproveitado, assim como dejetos e formigas mortas, é levado para a panela de lixo. Ali, vivem vários outros animais, como lagartixas, aranhas e besouros, que se aproveitam do lixo das formigas para obter alimento. Quando cheia, uma lixeira pode ser fechada e abandonada. Há ainda panelas para terra, já que nem sempre é possível levar para fora o material dos túneis.

Um sauveiro completamente desenvolvido pode conter mais de 4 milhões de insetos! Assim, a quantidade de folhas que necessitam para manterem-se é enorme. Sem inimigos naturais (como cobras-cegas, tamanduás, tatus, aranhas, besouros caçadores, aves e lagartos) e com disponibilidade de plantas frágeis ou em condições de estresse fisiológico, como as que são encontradas nas plantações, as saúvas multiplicam-se enormemente, e fazem grandes estragos em culturas como as do café, cana-de-açúcar, capim, milho, eucalipto e outras tantas.

Por causa disto, as cerca de dez espécies de saúvas brasileiras são vistas como “pragas indestrutíveis” por muitos agricultores até hoje. Uma frase de um famoso cientista, Auguste de Saint-Hilaire, virou até ditado popular: “Ou o Brasil acaba com a saúva, ou a saúda acaba com o Brasil”. A frase foi repetida por personalidades como Rui Barbosa ou a personagem “Macunaíma”, de Mário de Andrade, que acrescentou que “pouca saúde e muita saúva, os males do Brasil são”. Acrescenta-se que a picada da saúva é muito dolorida.

Tal perseguição fez com que uma das espécies, a saúva-preta (Atta robusta) das restingas do Espírito Santo e Rio de Janeiro, ficasse ameaçada de extinção!
As saúvas preferem as plantas de solos pobres ou sem ecossistema desenvolvido, agredidas por poluição, ferimentos, doenças ou outros fatores ou ainda de mudas ainda fracas ou grandes árvores em decadência. Assim, ela mantém o equilíbrio natural, não se proliferando em demasia em condições ambientais perfeitas, mas também se tornando parte do desequilíbrio quando a vegetação ao seu redor encontra-se sob condições insatisfatórias.

O controle da saúva foi e é alvo de muitos pesquisadores. Alguns, defendem o uso de mais e mais inseticidas, outros, buscam produtos que não façam mal senão às saúvas. Há uma busca por soluções que envolvam não apenas as plantas cultivadas, mas também plantas repelentes de insetos e os inimigos naturais da saúva.

Hoje em dia, a visão que temos dos sistemas naturais e da ciência da ecologia, avançou muito. Temos como desafio encontrar o ponto de equilíbrio entre nossas necessidades e as necessidades da fauna e da flora que nos cercam. E a saúva também faz parte desse equilíbrio. Podemos aprender com elas, usar seus dotes no controle de plantas daninhas e invasoras além da recuperação do solo desgastado pela agricultura, com suas panelas de lixo e túneis.

Se a saúva não acabou com o Brasil, também os brasileiros não podem fazê-lo na tentativa de acabar com a saúva.

O sauveiro (artificial)- cuidados e visitas




O sauveiro nasce de uma rainha já fecundada, capturada depois de uma revoada na natureza. Apesar de simples na aparência, o lar das formigas tem seu ambiente interno rigidamente controlado por elas, com túneis de “ar-condicionado”; manutenção de umidade, serviço de limpeza e reforma das passagens, dentre outros. E tudo isso é feito pela rainha sozinha, antes da formação do sauveiro. Sem os menores fatores funcionando perfeitamente de acordo com sua natureza, o formigueiro pode entrar em decadência, matando todas as suas integrantes rapidamente.

Imitar as condições que as saúvas conseguem criar dentro de seus ninhos, em uma série de potes de vidro, é o maior desafio para a manutenção adequada das formigas mostradas ao público que visita o SAUVEIRO.

Em cativeiro, as panelas são substituídas por grandes potes de vidro, que são divididos, como na natureza, por função. Há potes onde são colocadas as folhas que serão cortadas e levadas pelas formigas para um outro tipo de pote, em que são cultivados os fungos e ficam os “berçários” das formigas, e enfim há aqueles que servem como lixeira.

Todas estas “panelas artificiais” são interligadas por um conjunto de tubos de vidro e telas metálicas, que permitem a visualização das atividades entre as panelas e ao mesmo tempo, auxiliam na ventilação interna do sauveiro. Observando bem, é possível identificar os diversos tipos de operárias cumprindo cada uma sua função específica, as saúvas “soldado” fazendo a vigilância, e às vezes até mesmo a rainha atravessando de uma panela para outra, a fim de encontrar novos lugares para continuar a postura de seus ovos.

As telas metálicas precisam ser substituídas periodicamente, pois os dejetos das formigas são corrosivos e após algum tempo começam a danificar a malha de metal fina. Se não for feita a troca, algumas formigas podem escapar e prejudicar a organização da colônia.

Duas vezes ao dia são colocadas folhas novas para o corte e formação de “plantações” de fungo no interior das panelas. Plantas como a pata-de-vaca (Bauhinia variegata), o hibisco (Hibiscus spp.), a alcalifa (Providencia alcalifa), o alfeneiro (Ligustrum spp.), a rosa (Rosa spp.) e algumas outras são utilizadas para este fim.

As plantas fornecem uma boa parte da umidade exigida pelas formigas, mas mesmo assim é preciso fornecer complemento para que os níveis de vapor d’água fiquem dentro do ideal para as saúvas - acima de 65% de umidade relativa do ar. Também a temperatura é crucial: se baixar demais (abaixo de 19 graus centígrados), o formigueiro começa a diminuir perigosamente sua atividade. Mas é ainda pior se aumentar demais, já que acima de 25 graus, o comportamento das formigas pode se alterar a ponto de inviabilizar a sobrevivência de toda a colônia! Lixo é jogado nas plantações, fungos são plantados nos tubos de passagem, ovos são jogados fora, panelas de plantação são abandonadas...

Manter esses parâmetros é a principal dificuldade em manter um formigueiro artificial. As visitas são rigorosamente controladas, com horário e quantidade máxima de pessoas por sessão muito bem planejadas, para que não sejam abalados elementos tão importantes para a vida das saúvas. Até a iluminação precisa ser controlada, pois na natureza as formigas fazem todo o seu trabalho no escuro, guiando-se pelos cheiros.

As  panelas com fungos e as  de folhas que compõem o sauveiro são limpas pelas próprias formigas, mas é necessário que as panelas “lixeiras”, sejam esvaziadas de vez em quando. A água que se condensa no interior dos vidros também é seca com panos diariamente, pois caso pingue sobre os fungos prejudicará seu crescimento.

Como não é possível usar produtos químicos no ambiente do sauveiro, são tomados diversos cuidados para evitar a proliferação de ácaros, aranhas e outros animais que poderiam trazer transtornos.

As pesquisas mais atuais sobre saúvas produzidas por biólogos, institutos de pesquisa agronômica e de entomologia (ciência que estuda os insetos) e publicadas em livros e trabalhos científicos são consultadas, a fim de garantir uma manutenção cada vez mais adequada e a exibição mais fiel de um sauveiro ao público.

Ainda não é possível reproduzir, em cativeiro, as condições exigidas para que aconteça uma revoada. Mas mesmo assim o sauveiro já contribuiu com pesquisas de diversas instituições, com dados sobre o desenvolvimento da colônia, o papel ecológico das formigas cortadeiras da América do Sul, as substâncias medicinais existentes no fungo criado pelas formigas, além de treinamento e formação de equipes de trabalho... mas principalmente, ensinando a milhares de pessoas o universo destes animais fantásticos.
Texto: Material de aula.
João Ângelo Cerignoni  - Técnico de Laboratório _ ESALQ/USP/Piracicaba





sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Metamorfose:

 A Beleza e a Morfologia das Borboletas





Se abrir um trabalho de um Entomólogo, ou lepidopterologista, alguém que estuda as borboletas, algures nesses escritos encontrará a língua do espanto. Cada uma das 20.000 espécies existentes têm diferentes padrões de cores e cada uma delas tem diferentes formas de asas. A diversidade é simplesmente tão magnífica. 

Ao observar uma borboleta, ao descrever aquilo que estamos a observar, que não  é possível traduzi-lo em palavras. Isso é biologia, mas é também magia. 

UM CICLO DE VIDA DE MISTÉRIO E MARAVILHA 

É impossível olhar para uma lagarta que se transforma numa borboleta e não perguntar "como?". A sua metamorfose, o seu ciclo de vida... Como é que isso acontece? Esta extraordinária e espantosa transformação? Num inseto metamórfico, aquilo que existe são dois planos corporais. Primeiro, ele tem de formar um corpo funcional e, em seguida, terá de mudar de funcionamento e assumir a forma de um novo corpo. 

Fico impressionada com o desenvolvimento, quando passa de ovo a lagarta. Porque se trata de um processo tão intrincado. Mas, depois, o inseto entra na fase de crisálida e terá de acertar, mais uma vez. Então, é como se fosse o problema ao quadrado. 

DENTRO DA CRISÁLIDA, A MORTE É O CAMINHO PARA A VIDA. 

O inseto tem de se livrar ou digerir os tecidos da lagarta; eles não servirão para o adulto. Na verdade, as próprias células desaparecem, sendo de seguida os seus componentes reciclados e transformados numa espécie de sopa, na qual se basearão as estruturas do adulto. É muito cuidadosamente projetado. O inseto tem de saber onde tudo termina, antes de começar.

UMA TRANSFORMAÇÃO MILAGROSA. 

É como se fosse um organismo diferente; as transições têm de realizar-se no coração; as transições têm de realizar-se nas antenas; as transições têm de realizar-se nos órgãos reprodutivos. As pernas do adulto terão de ser recriadas, as antenas, os olhos; tem de se alterar a forma do cérebro e as ligações entre as antenas e os olhos, o intestino tem de ser remodelado, de forma a passar de digerir matéria vegetal para a ingestão do néctar.

Começa-se a vislumbrar a profundidade do problema... Então, para a evolução ter criado este tipo de transformação, gradualmente, teria sido necessário um milagre.

Paul Nelson - Filósofo de Biologia 

Quando observamos certos efeitos na natureza, é responsabilidade do investigador encontrar as causas que expliquem os efeitos. Se observasse um dispositivo mecânico com a sofisticação das borboletas, você não hesitaria nem por um instante em atribuí-lo a algum tipo de inteligência.

Porque a borboleta é tão mais sofisticada, que está quase além da nossa compreensão, em qualquer coisa que nós possamos fazer... O planeamento, a visão, a arte, a engenharia... Se processar todas as provas reveladas através da metamorfose e depois se questionar, com base na sua própria experiência, que tipo de causa poderia obter estes resultados… Acho que a única resposta razoável é a de uma inteligência que transcende o mundo natural.




quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Lagartas

O que são?

As lagartas ou taturanas (tata=fogo, rana=semelhante) são larvas de um grupo de insetos conhecido como Lepidópteros (lepido=escamas, ptera=asa). Este grupo abrange as borboletas e mariposas, que são os indivíduos adultos. Quando se acasalam, põem os ovos em uma planta da qual as lagartas irão se alimentar. Nesta fase as lagartas trocam de pele diversas vezes até formarem um casulo no qual irão sofrer metamorfose para se transformar em uma borboleta ou mariposa, recomeçando o ciclo de vida.

E quanto ao veneno?

Nem todas as lagartas possuem veneno. Apenas as lagartas de mariposa podem causar acidentes, o chamado erucismo (eruca=larva; erucismo é o envenenamento causado por uma larva de mariposa). O contato com as lagartas causa queimadura e dor, não havendo lesões mais graves, exceto quando o acidente ocorre com Lonomia obliqua, a qual pode causar um quadro hemorrágico.
No Brasil existem aproximadamente 50.000 espécies de Lepidópteros, mas as principais espécies de importância médica são apenas 16 e pertencem a quatro famílias: Saturniidae, Megalopygidae, Actiidae e Limacodidae.

Família Saturniidae

As lagartas desta família se caracterizam por apresentarem espinhos em formato de pinheiros. As glândulas de veneno localizam-se na extremidade das ramificações destas estruturas. Estas lagartas costuman ficar agrupadas, dificilmente sendo encontradas sozinhas ou isoladas.





Lonomia obliqua

Podendo atingir 6 cm de comprimento, estas lagartas apresentam espinhos verdes sobre o corpo, chamados de scoli. O corpo é marrom escuro com uma faixa marrom (diferenciada do resto do corpo) que se estende por todo o dorso do inseto, sendo margeada por um estreito contorno preto, e este é limitado por um outro contorno branco mais externo Em Santa Catarina, estas lagartas ocorrem principalmente no Oeste. Acidentes causados por Lonomia são os mais perigosos porque, além de provocarem dor e queimadura, podem evoluir para quadros hemorrágicos.


                                             

Automeris sp.

Atingindo até 8 cm de comprimento, elas possuem espinhos e corpo de coloração verde-claro, com manchas brancas laterais. Depois da metamorfose, no casulo, chegam a fase adulta e são conhecidas como mariposas olho-de-boi.


               

Automeris  ilustris


Automeris leucanela

 

Megalopyge lanata

Estas lagartas possuem o corpo branco com manchas pretas transversais e dorsais largas em cada segmento. Têm tufos de pêlos pretos, longos e curtos, e espinhos avermelhados na base destes tufos.

  


Podalia sp.

Possui o corpo amarelo, completamente coberto por tufos de “pêlos” de coloração variada, geralmente marrom. Recebem o nome popular de taturana ou lagarta-gatinho. Possuem curtas cerdas avermelhadas, secretores de toxinas, na base dos tufos de pêlo.

   

Família Limacodidae

 

Apresentam o corpo quase todo nu, com as cerdas de veneno restritas a pequenos aglomerados que se localizam na região anterior e posterior do animal. Também diferencian-se das outras famílias de mariposa por não apresentarem falsas pernas, locomovendo-se por ondulações da região ventral.  

Sibine sp.

Com cerca de 2 cm de comprimento. Têm o corpo verde claro, com cerdas apenas nas regiões anterior e posterior do corpo, em forma de pequenos tufos, através dos quais liberam o veneno. São comumente encontradas em limoeiros.




Phobetron sp.

Conhecida popularmente por lagarta-aranha, devido às projeções laterais de seu corpo que fazem lembrar uma aranha.

        


Família Arctiidae

Semelhantes às lagartas da família Megalopygidae, pois também apresentam cerdas que parecem pêlos escondendo as cerdas de veneno.




Lagartas de borboleta

Diferentemente das lagartas de mariposa, as lagartas de borboleta não apresentam cerdas (pêlos ou espinhos), tendo o dorso nu. Por não apresentarem as estruturas citadas, estes animais não causam nenhum tipo lesão.










Como prevenir acidentes

  • Os acidentes ocorrem geralmente na manipulação de árvores frutíferas e ornamentais (seringueiras, araticuns, cedro, figueiras do mato, ipês, pessegueiros, abacateiros, ameixeiras, etc.). Por isso, deve-se verificar previamente a presença de folhas roídas na copa, casulos e fezes de lagartas no solo com seu aspecto típico, semelhante a grãos dessecados de pimenta-do-reino;
  • Observar, durante o dia, os troncos das árvores, locais onde as larvas poderão estar agrupadas. À noite, as taturanas dirigem-se para as copas das árvores para se alimentarem das folhas;
  • Usar luvas de borracha para realizar atividades de jardinagem.

Primeiros socorros

  • Lavar imediatamente a área afetada com água e sabão;
  • Usar compressas com gelo ou água gelada que auxiliam no alívio da dor;
  • Procurar o serviço médico mais próximo;
  • Se possível, levar o animal para identificação.




BORBOLETAS – QUESTIONÁRIO


Nome do entrevistado: João Ângelo Cerignoni/Evoneo Berti Filho
Empresa: ESALQ/USP
Cargo na empresa e/ou profissão: Técnico e Professor
Cidade: Piracicaba, SP

Perguntas mais frequentes sobre borboletas:


O livro Borboletas, é uma produção científica lançada ,pelo professor Evoneo Berti Filho e o técnico de laboratório João Ângelo Cerignoni.


- Quantas espécies de borboletas existem no mundo? E no Brasil, qual o número?
Calcula-se que existam cerca de 150.000 espécies de borboletas e mariposas no mundo, incluindo o Brasil

- Qual a importância ecológica das borboletas? (avaliação tanto para o ecossistema em geral como para o jardim)
As borboletas são agentes polinizadores muito importantes nos mais diversos ecossistemas.  As borboletas visitam jardins muito floridos para se alimentar do néctar das flores e a gama de cores das muitas espécies tornam esses jardins  mais atraentes.Entretanto, jardins em áreas urbanas densamente povoadas, e consequentemente com altas taxas de  poluição, é  raro encontrar borboletas.

- Quais elementos podem atraí-las para o jardim? Por que?
Borboletas são atraídas  para os jardins localizados em área abertas, próximas de parques e bosques, porque tais áreas têm vegetação exuberante com diferentes espécies de plantas, portanto uma biodiversidade vegetal, que pode atrair muitas espécies de borboletas.

- E em relação às espécies vegetais (frutíferas e floríferas), quais atraem sua visita ao jardim? E por que elas se sentem atraídos por essas plantas?
As espécies vegetais que produzem flores atraem as borboletas para os jardins, onde elas buscam se alimentar do néctar.

- Algumas floríferas são bastante coloridas, como azaléia e primavera, mas não atraem borboleta. Por que isso ocorre?
Possivelmente devido a  baixa  quantidade ou atratividade do néctar dessas flores. Não existem informações precisas sobre este assunto.

- É correto manter comedouro no jardim para borboletas? Caso positivo, quais os cuidados necessários para não prejudicar esses insetos? O que pode ser “servido” a esses ilustres visitantes? Qual o melhor lugar do jardim para colocar os comedouros?
É possível colocar frutas abertas para alimentar muitas espécies de borboletas. O local mais adequado seria no centro do jardim e  deve ser sombreado.

- As borboletas podem estar presentes no jardim o ano todo ou existe um período de maior freqüência? Explique.
As espécies têm exigências térmicas e hídricas para o seu bom desenvolvimento. Normalmente as borboletas, e os insetos em geral, ocorrem nos meses do verão, quando a umidade é alta.

- Quais espécies de borboletas comumente visitam os jardins? Há aquelas que dificilmente se aproximam de áreas residenciais? Comente.
Depende da localização dos jardins.  Espécies que nunca se aproximam de áreas urbanas são aquelas cujos hábitos estão ligados à proteção, ao abrigo e à disposição de alimento em áreas de densa vegetação como os bosques e as florestas.

- Há elementos ou plantas que podem afugentar as borboletas do jardim? Quais? Por que?
Aves que nidificam próximo às áreas de parques e jardins podem predar borboletas adultas, e outros insetos, para alimentar seus filhotes.


- Quantas espécies existem de borboletas? 
Estima-se que em todo o mundo, existam aproximadamente 24.000 espécies de borboletas e 140.000 espécies de  mariposas.  A região tropical registra a maior densidade desses insetos, devido às condições propícias que oferece, com uma grande variedade de plantas, enquanto nenhuma ocorrência é verificada na Antártida.

- Quanto tempo de vida tem uma borboleta? 
As borboletas são a fase adulta das lagartas, que passam pelas fases de ovo, lagarta, pupa e adulto. Viram borboletas depois desta "metamorfose". Nesta fase, seu objetivo é unicamente a reprodução. Dependendo da espécie o tempo de vida em todo o ciclo, pode variar. Existe sim,  espécies que vivem  somente por 24 horas (na fase adulta), tempo suficiente para que se acasalem e coloquem seus ovos.

- Qual o papel da borboleta para a natureza? 
“Borboletas são indicadores de ambiente em equilíbrio”. Alem de que as borboletas são seres polinizadores importantíssimos, pois sem elas teríamos graves prejuízos à flora.

- Quais os locais que as borboletas vivem? 
Todos os ambientes naturais, podendo ocorrer também na zona urbana e podem ser criadas em criadouros especializados.

- O desmatamento afeta algumas espécies de borboletas. Porque?  
Infelizmente, chegamos a conclusão de que a ação do homem está dizimando os habitats naturais",  Os painéis  mostram uma floresta nativa e outro  ilustra uma área reflorestada. "Quanto menor a diversidade da flora, menor será a da fauna",
O resultado do desmatamento é o risco de extinção de algumas espécies até então comuns na região, como a Parides Neophilus, cujas asas pretas são marcadas por manchas vermelhas. "Elas se alimentam de plantas que só existem na ‘borda’ da mata. Quanto mais o homem avança, maior a dificuldade delas para sobreviver".

João Ângelo Cerignoni.


quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Ataque de lagartas de Cosmosoma teuthras.


ESCLARECIMENTO SOBRE AS LAGARTAS INVASORAS NO BAIRRO JUPIÁ.

O jornal "A Gazeta de Piracicaba"  publicou um artigo sobre centenas de lagartas que invadiram algumas casas na rua Umberto Provenzano, no Jupiá. Interessados no assunto, entramos em contato com o Senhor Nivaldo Basso, 67, morador da casa 218, uma das residências invadidas pelas lagartas. O senhor Nivaldo nos recebeu gentilmente e em uma rápida vistoria, percebemos que as lagartas não estavam atacando as plantas do quintal da casa, embora houvesse uma grande variedade de vegetais no local. No entanto, como já publicado na matéria anterior pela Gazeta, no final da rua há um terreno onde são criados cavalos e bois, além de uma área verde, local de onde, segundo o senhor Nivaldo, as lagartas teriam vindo. Assim, juntamente com o morador, fomos até a área indicada e pudemos constatar a presença das lagartas, agora já em menor quantidade, localizadas ainda na planta hospedeira, semelhante a uma trepadeira.
            As lagartas foram coletadas e criadas na planta hospedeira, identificada pelo Prof. Dr. Lindolpho Capellari Junior, professor de Depto de Ciências Biológicas da ESALQ/USP, como pertencente ao gênero Serjania, possivelmente tratando-se da espécie atrolineata, da Família Sapindaceae (mesma família do guaraná). Após a obtenção das pupas que ficam abrigadas dentro de um casulo de seda, foi possível obter as mariposas, para posterior  identificação da espécie.
            As mariposas pertencem a uma família chamada Arctiidae e foram identificadas pelo Prof. Dr. Sinval Silveira Neto, professor do Depto de Entomologia e Acarologia da ESALQ/USP, como pertencentes à espécie Cosmosoma teuthras, espécie comum em todo país e de hábitos noturnos.
            As lagartas desta família de mariposa não causam queimaduras, e ocorreram às centenas, devido à falta de inimigos naturais como fungos entomopatogênicos (fungos que só matam insetos) e outros patógenos, mesmo com a abundância de chuvas e calor, condições propícias a proliferação destes agentes de controle. Além disso, os ovos colocados pelas mariposas e, posteriormente as lagartas e pupas, não foram parasitados ou predados por uma série de outros inimigos naturais tais como: vespinhas, tesourinhas, aranhas, pássaros, etc, o que possibilitou a explosão da população de lagartas desta espécie que não é praga, mas que pode ocorrer, pelos motivos expostos, em “surtos”. 
            Devido à alta população de lagartas, a quantidade de folhas da planta hospedeira existente no local foi insuficiente, o que levou os insetos a procurarem por mais alimento. Nesta procura, acabaram por invadir as casas e não encontrando alimento nestes locais, morreram de  fome.
            [Patrícia Milano, Dra em Entomologia pela ESALQ/USP e, Fernanda Barbosa Lima, graduanda em biologia pela ESALQ/USP] 


Foto maior: Senhor Nivaldo segurando um ramo da planta infestada pelas lagartas, abaixo e à esquerda: lagartas; ao centro pupas e à direita, mariposa da espécie Cosmosoma tethras..

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