ESCLARECIMENTO SOBRE AS LAGARTAS
INVASORAS NO BAIRRO JUPIÁ.
O jornal "A Gazeta de Piracicaba" publicou um
artigo sobre centenas de lagartas que invadiram algumas casas na rua Umberto
Provenzano, no Jupiá. Interessados no assunto, entramos em contato com o Senhor
Nivaldo Basso, 67, morador da casa 218, uma das residências invadidas pelas
lagartas. O senhor Nivaldo nos recebeu gentilmente e em uma rápida vistoria,
percebemos que as lagartas não estavam atacando as plantas do quintal da casa,
embora houvesse uma grande variedade de vegetais no local. No entanto, como já
publicado na matéria anterior pela Gazeta, no final da rua há um terreno onde
são criados cavalos e bois, além de uma área verde, local de onde, segundo o
senhor Nivaldo, as lagartas teriam vindo. Assim, juntamente com o morador, fomos
até a área indicada e pudemos constatar a presença das lagartas, agora já em
menor quantidade, localizadas ainda na planta hospedeira, semelhante a uma
trepadeira.
As
lagartas foram coletadas e criadas na planta hospedeira, identificada pelo
Prof. Dr. Lindolpho Capellari Junior, professor de Depto de Ciências Biológicas
da ESALQ/USP, como pertencente ao gênero Serjania,
possivelmente tratando-se da espécie
atrolineata, da Família Sapindaceae (mesma família do guaraná). Após a
obtenção das pupas que ficam abrigadas dentro de um casulo de seda, foi
possível obter as mariposas, para posterior identificação da espécie.
As
mariposas pertencem a uma família chamada Arctiidae e foram identificadas pelo
Prof. Dr. Sinval Silveira Neto, professor do Depto de Entomologia e Acarologia
da ESALQ/USP, como pertencentes à espécie Cosmosoma
teuthras, espécie comum em todo país e de hábitos noturnos.
As
lagartas desta família de mariposa não causam queimaduras, e ocorreram às
centenas, devido à falta de inimigos naturais como fungos entomopatogênicos
(fungos que só matam insetos) e outros patógenos, mesmo com a abundância de
chuvas e calor, condições propícias a proliferação destes agentes de controle.
Além disso, os ovos colocados pelas mariposas e, posteriormente as lagartas e
pupas, não foram parasitados ou predados por uma série de outros inimigos
naturais tais como: vespinhas, tesourinhas, aranhas, pássaros, etc, o que
possibilitou a explosão da população de lagartas desta espécie que não é praga,
mas que pode ocorrer, pelos motivos expostos, em “surtos”.
Devido
à alta população de lagartas, a quantidade de folhas da planta hospedeira existente
no local foi insuficiente, o que levou os insetos a procurarem por mais
alimento. Nesta procura, acabaram por invadir as casas e não encontrando
alimento nestes locais, morreram de fome.
[Patrícia
Milano, Dra em Entomologia pela ESALQ/USP e, Fernanda Barbosa Lima, graduanda
em biologia pela ESALQ/USP]
Foto maior: Senhor Nivaldo
segurando um ramo da planta infestada pelas lagartas, abaixo e à esquerda:
lagartas; ao centro pupas e à direita, mariposa da espécie Cosmosoma tethras..
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