quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Ataque de lagartas de Cosmosoma teuthras.


ESCLARECIMENTO SOBRE AS LAGARTAS INVASORAS NO BAIRRO JUPIÁ.

O jornal "A Gazeta de Piracicaba"  publicou um artigo sobre centenas de lagartas que invadiram algumas casas na rua Umberto Provenzano, no Jupiá. Interessados no assunto, entramos em contato com o Senhor Nivaldo Basso, 67, morador da casa 218, uma das residências invadidas pelas lagartas. O senhor Nivaldo nos recebeu gentilmente e em uma rápida vistoria, percebemos que as lagartas não estavam atacando as plantas do quintal da casa, embora houvesse uma grande variedade de vegetais no local. No entanto, como já publicado na matéria anterior pela Gazeta, no final da rua há um terreno onde são criados cavalos e bois, além de uma área verde, local de onde, segundo o senhor Nivaldo, as lagartas teriam vindo. Assim, juntamente com o morador, fomos até a área indicada e pudemos constatar a presença das lagartas, agora já em menor quantidade, localizadas ainda na planta hospedeira, semelhante a uma trepadeira.
            As lagartas foram coletadas e criadas na planta hospedeira, identificada pelo Prof. Dr. Lindolpho Capellari Junior, professor de Depto de Ciências Biológicas da ESALQ/USP, como pertencente ao gênero Serjania, possivelmente tratando-se da espécie atrolineata, da Família Sapindaceae (mesma família do guaraná). Após a obtenção das pupas que ficam abrigadas dentro de um casulo de seda, foi possível obter as mariposas, para posterior  identificação da espécie.
            As mariposas pertencem a uma família chamada Arctiidae e foram identificadas pelo Prof. Dr. Sinval Silveira Neto, professor do Depto de Entomologia e Acarologia da ESALQ/USP, como pertencentes à espécie Cosmosoma teuthras, espécie comum em todo país e de hábitos noturnos.
            As lagartas desta família de mariposa não causam queimaduras, e ocorreram às centenas, devido à falta de inimigos naturais como fungos entomopatogênicos (fungos que só matam insetos) e outros patógenos, mesmo com a abundância de chuvas e calor, condições propícias a proliferação destes agentes de controle. Além disso, os ovos colocados pelas mariposas e, posteriormente as lagartas e pupas, não foram parasitados ou predados por uma série de outros inimigos naturais tais como: vespinhas, tesourinhas, aranhas, pássaros, etc, o que possibilitou a explosão da população de lagartas desta espécie que não é praga, mas que pode ocorrer, pelos motivos expostos, em “surtos”. 
            Devido à alta população de lagartas, a quantidade de folhas da planta hospedeira existente no local foi insuficiente, o que levou os insetos a procurarem por mais alimento. Nesta procura, acabaram por invadir as casas e não encontrando alimento nestes locais, morreram de  fome.
            [Patrícia Milano, Dra em Entomologia pela ESALQ/USP e, Fernanda Barbosa Lima, graduanda em biologia pela ESALQ/USP] 


Foto maior: Senhor Nivaldo segurando um ramo da planta infestada pelas lagartas, abaixo e à esquerda: lagartas; ao centro pupas e à direita, mariposa da espécie Cosmosoma tethras..

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