quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Lagartas são devoradas vivas.


Larvas de vespa que comem lagarta viva!




O que são estes ovos na lagarta?



Uma lagarta taturana que foi parasitada por micro-himenópteros, umas vespinhas bem pequenas ,sendo que suas larvas se desenvolveram no interior da lagarta e agora saíram para empupar, a lagarta ficou viva este tempo todo, só agora ela foi morrer.


Essas estruturas brancas presas na lagarta parecidas com ovos cilíndricos são na verdade pupas de uma vespa. Isso mesmo! Precisamos “começar do começo”… Bem, as vespas (insetos da mesma ordem das formigas e das abelhas) pertencentes, geralmente à família Braconidae, são conhecidas por serem insetos diminutos, com menos de 1 cm de cumprimento, no geral de cor escura que possui um ciclo de vida bastante interessante.
Essas vespas escolhem uma lagarta bem saudável e gordinha para iniciar seu ciclo reprodutivo. Cuidadosamente utilizam seu ovopositor para fazerem a postura de seus ovos (que podem chegar a 80) sob o tegumento (a pele) da lagarta. O processo é tão sutil que a lagarta mal percebe o que está acontecendo. Uma vez inoculados no corpo da pobre lagarta, os ovos amadurecem e então eclodem. Dali, saem larvas de vespas famintas que iniciam logo seu ritual macabro: elas devoram toda musculatura e vísceras da pobre lagarta, tomando os devidos cuidados para que seus órgãos vitais não sejam comprometidos logo, pois com a morte do hospedeiro, todo o ciclo não teria sucesso.
As larvas da vespa, se alimentam e crescem ali mesmo, dentro da lagarta, que a essas alturas já não está tão bem. Quando estão devidamente desenvolvidas e prontas para se tornarem adultas, “comem” o caminho de volta através da pele do hospedeiro e uma vez fora, pupam formando inúmeros casulos ovais e esbranquiçados do lado de fora do corpo da lagarta. Ficam ali presos torturando a pobre lagarta até que comecem a emergir desses casulos. Quando as últimas vespas saem de seus casulos a nossa lagarta já estará tão indefesa e enfraquecida que terminará morrendo.
Essas vespinhas são consideradas inimigas naturais das lagartas. E funcionam como um controle de pragas principalmente nas plantações de tomate. Então, queridos leitores, se virem uma infeliz lagarta carregando casulos por aí, saiba que um fantástico ciclo de vida de uma vespa está prestes a concluir!


Foto 1: Uma vespa escolhendo sua vítima, uma pobre lagarta gordinha e saudável!
Foto 2: Depois de comer a lagarta por dentro, as larvas empupam e ficam do lado de fora do corpo da lagarta.
Fotos 3 e 4 : Com o tempo começam a emergir vespas adultas e a lagarta, enfraquecida,  morre!


Um dos maiores problemas entre os cientista que estudam modificações de um hospedeiro causadas pelo parasita é separar entre o que é “intencional” e adaptativo para o parasita do que é uma simples consequência do processo. Por exemplo, você espirra quando está resfriado porque suas vias respiratórias estão irritadas ou porque essa é a maneira que o vírus encontrou de se espalhar? Não me lembro da resposta para essa pergunta, e se você tiver fique à vontade nos comentários. Já o caso que veremos abaixo não deixa dúvidas do quão capazes as vespas são de mudar o comportamento do hospedeiro intencionalmente.

Foto Thyrinteina sp


A lagarta da foto acima é de uma mariposa da espécie Thyrinteina leucocerae e se alimenta de folhas de goiabeira e de seu parente próximo, o eucalipto, também da família Myrtaceae. A goiabeira provavelmente convive com a lagarta por tempo suficiente para desenvolver defesas que mantém sua população baixa (lembre-se da dinâmica de interação parasita hospedeiro), já o eucalipto não, pois ele é uma planta exótica, trazida da Austrália recentemente, de maneira que esta lagarta causa bastante estrago em plantações. O grupo de Entomologia Agrícola da Universidade Federal de Viçosa, estudando este problema encontrou uma interação realmente impressionante.


Uma vespa do gênero Glyptapanteles deposita seus ovos na lagarta, algumas vezes mais de 80. A lagarta continua se alimentando e crescendo, enquanto as larvas da vespa devoram a lagarta por dentro, tomando todo o cuidado para não consumir os órgãos vitais (pois é, a sabia natureza, cheia de paz e amor sempre), e acredite, isso não é incomum. Incomum é o que acontece depois. As larvas parasitódes saem da lagarta e formam casulos, para empupar enquanto amadurecem e passam para a fase adulta. Nesse período a lagarta para de se alimentar e passa a montar guarda, protegendo as pupas. Isso mesmo, ela protege as mesmas vespas que a devoraram, atacando com cabeçadas qualquer besouro ou percevejo que se aproxime, de maneira tão eficiente que morrem metade das pupas que morreriam se estivessem desprotegidas.
O comportamento é tão diferente, que se percebe com os dois vídeos abaixo, no primeiro uma lagarta não infectada não dá nem bola para o percevejo, no segundo a lagarta infectada, que está protegendo as pupas nos casulos, ataca com movimentos laterais o percevejo que se aproxima. O que faz isso com a lagarta? Cerca de duas larvas permanecem dentro da lagarta, provavelmente liberando substâncias que alteram o comportamento dela, e posteriormente morrem, junto com a pobre da lagarta. Intrigado com o altruísmo das larvas que se matam para o sucesso das irmãs? Aguarde algus textos que vc verá uma série de exemplos e motivos para isso.


Pois bem, isso é Controle Biológico, onde não se usa agrotóxicos de forma alguma.







terça-feira, 23 de outubro de 2012

Borboletas com asas de transparentes.


As incríveis borboletas com asas de vidro!

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Uma borboleta com asas transparentes? Sim, o nome científico dessa beleza da natureza é Greta oto, uma borboletinha da família Nymphalidae, subfamília Danainae, as famosas “borboletas de vidro” (em inglês, Glasswing ). As asas dessas borboletas são tão transparentes que podemos enxergar através delas como se realmente fossem asas de vidro.
A maioria das borboletas que conhecemos apresentam escamas coloridas muitas vezes com um padrão de desenhos que serve para afastar inimigos. As borboletas de vidro fazem isso de forma diferente. A evolução permitiu que essas espécies pudessem se esconder no ambiente uma vez que o corpo é esbelto e as asas que deveriam aparecer, são quase totalmente translúcidas. Se não fossem as veias escuras das asas, essas borboletas poderiam facilmente passar despercebidas, até mesmo para o olho humano.
As borboletas de vidro fazem parte de um grupo de borboletas conhecido como “Cleanwing”, ou seja, asas claras. A transparência na natureza é algo que não é bem compreendido, afinal, para ser transparente o tecido não pode refletir ou absorver luz. As asas dessas borboletas possuem a superfície com saliências que são tão pequenas que podem ser chamado submicroscópica. Eles têm um índice de refração único que não dispersa a luz, tornando-se transparentes, mas também muito sensíveis que se quebram facilmente.
Borboletas de vidro se alimentam do néctar de uma variedade de flores, mas no momento de fazer a postura de seus ovos e garantir a sobrevivência da próxima geração, elas buscam sempre que possível a planta do gênero “Cestrum” que são tóxicas e afasta os predadores. Ali as larvas se alimentam acumulando alcaloides da planta em seu corpo e apesar de serem larvas bem atraentes, os predadores preferem ficar bem longe delas. Quando já adultas, os machos convertem esses alcaloides em feromônios para atrair as fêmeas para o acasalamento.
 

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Cultive o manacá-de-cheiro e atraia borboletas à varanda e ao jardim.






  • Manacá-de-cheiro (Brunfelsia uniflora)
O manacá de cheiro era presença certa nos quintais das casas das vovós do início do século 20. Hoje não é tão fácil encontrar essa espécie nativa da Mata Atlântica em quintais, porque boa parte desses lotes cheios de pomares e flores deu lugar a apartamentos. “Vintage”, esses arbustos de flores brancas e roxas ou azuis podem ser cultivados em vasos.
“Porém, como seu perfume é bem forte, deve-se ter o cuidado de não plantá-lo próximo a dormitórios de crianças e de pessoas mais sensíveis”, explica o paisagista João Jadão, da Planos e Plantas.
Além de disseminar seu odor característico, o manacá é conhecido por atrair borboletas, a “borboleta do manacá” (Methona themisto), que se desenvolve exclusivamente nas folhas dessa planta. Portanto não se assuste se “brotarem” lagartas, além de flores de sua arvorezinha. Elas não fazem mal a planta, portanto, evite destruí-las.

O manacá-de-cheiro (Brunfelsia uniflora) é um arbusto lenhoso da família dasSolanaceaes, da qual também fazem parte o tomate, a batata e o tabaco. Seus nomes populares mais comuns são: manacá-de-jardim, garetataca, mercúrio-vegetal e romeu-e-julieta.
Parecido com uma pequena árvore, detém copa que pode atingir de 2 a 3 metros de altura e até 2 m de diâmetro. Seus ramos são densos e suas folhas ovaladas, lisas e verde escuras. “Se podado, o arbusto toma a forma de arvoreta”, explica Jadão. É uma planta de zonas tropical e subtropical, adaptada a climas quentes. Mas tem um melhor desenvolvimento em zonas onde há grandes diferenças de temperaturas (dias quentes e noites frias).

       Adulto de Methona themisto
De acordo com o paisagista Paulo Cezar Heib, as flores do manacá nascem nas extremidades de seus ramos e passam do azul violeta ao branco, durante a floração, principalmente na primavera e verão. “A beleza e o perfume conferem à planta um grande valor ornamental”, avalia.
Cultivo
No mercado é possível encontrar desde pequenas mudas com cerca de 50 cm até plantas já formadas com quase 2 m de altura. A escolha do tamanho dependerá do projeto paisagístico e do espaço disponível.
O cultivo do manacá é feito através sementes, por estaquia ou - simplesmente – pelo transplante de mudas que surgem das raízes de um exemplar maior, o que torna o manacá-de-cheiro uma espécie entouceirada.
  • Arquivo Jardim Botânico de São Paulo/ Divulgação
    Menor que o "de cheiro", o manacá-da-serra tem menos perfume e flores mais violáceas
Para o bom desenvolvimento, o manacá precisa de muito sol. Versátil, a planta pode ter cultivo isolado ou em grupo, inclusive na forma de renques (as populares cercas-vivas). Quando em vasos, cuide para que os recipientes sejam profundos e com grande diâmetro para não sufocar as raízes e dar boa sustentação ao arbusto.
Para o plantio, a melhor época é o final do inverno ou início da primavera, em solo rico em matéria orgânica. O substrato farto geralmente é suficiente para suprir os nutrientes pedidos pelo manacá, mas isso não impede a adubação química (adubo com enxofre e potássio). Todavia, neste caso, é fundamental seguir a recomendação via embalagem quando do preparo da terra virgem. Depois dessa primeira adubação, repita o processo a cada três meses.
Manutenção
Para manter a boa hidratação e evitar apodrecimento, as regas em canteiros devem ser diárias durante o período de floração, regulares em época de poucas chuvas e moderada em períodos chuvosos, em todos os casos, porém, a terra deve ser regularmente drenada. No caso dos vasos, as regas devem ser sempre regulares (2 a 3 vezes semanais) e a terra que envolve a planta deve ser trocada a cada dois anos.
De acordo com Heib, o manacá-de-cheiro é uma planta que aceita muito bem as podas. O arbusto pode ser limpo após o outono, quando a planta se prepara para entrar em dormência. “Essa limpeza consiste na retirada dos galhos secos e folhas amarelas”, explica.
Pragas
Se encaradas como pragas, as lagartas amarelas e pretas são a ocorrência mais comum nesse arbusto lenhoso, pois depositam seus ovos nas folhas do manacá. Porém, as lagartas e borboletas não trazem dano à planta.
De outro modo, os fungos tendem atacar o manacá nos períodos mais úmidos do ano. Tais microrganismos podem ser eliminados sem grandes dificuldades com uso de fungicida, sob recomendação de um paisagista ou engenheiro agrônomo.
Além dos fungos, o arbusto também é suscetível à ação de cochonilhas e pulgões, mas esses insetos só devem ser combatidos com repelentes quando o manacá não estiver no período de floração.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Mais um livro com descrições e fotos de borboletas e mariposas do Brasil vai ser lançado no IB