quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Insetos na alimentação humana


COMO A BUG VAI USAR SUA FAZENDA DE INSETOS PARA PREPARAR RAÇÃO ANIMAL


A Bug Agentes Biológicos diversifica negócios com a entrada no setor de pet food ao desenvolver insumo para ração a partir de proteína de inseto, um novo filão no mercado mundial
Clayton Melo
O engenheiro agrônomo Paulo Bogorni, pós-doutor em entomologia pela Universidade de São Paulo, ficou impressionado com uma conversa que manteve certa vez com um de seus clientes, o também engenheiro agrônomo João Luiz Pisa. “Bogorni, tem um negócio aqui que, se a gente fizer, é coisa para Prêmio Nobel”, disse.
O tom foi meio brincalhão, mas tinha o objetivo de alertar Bogorni para aquilo que ele, Pisa, acreditava ser uma sacada capaz de se transformar num negócio inovador e com alto impacto econômico, social e ambiental: produzir ração animal, principalmente para o consumo de cães e gatos, a partir de proteína de insetos. Mais: a engorda das larvas seria feita com lixo orgânico, o que ajudaria a reduzir um dos grandes problemas mundiais.
Esse episódio foi há seis anos, quando Bogorni trabalhava como consultor independente e atendia a Pisa. Hoje, aquele bate-papo evoluiu para um negócio de fato que será lançado não mais como um projeto independente de Pisa com a consultoria de Bogorni, mas sim como uma nova startup da Bug Agentes Biológicos, empresa paulista eleita em 2012 a companhia mais inovadora do Brasil pela revista americana Fast Company.
A ração será desenvolvida com o uso da larva Hermetia illucens, conhecida mundialmente como Black Soldier Fly (BSF). A Bug vai preparar uma farinha a partir da larva, que será depois vendida para a indústria de ração preparar o produto final. O insumo deve estar disponível no mercado até o final desde ano, depois da obtenção das autorizações e registros legais necessários para a comercialização. “Acredito que tenhamos resolvido todas essas questões legais até outubro”, afirma Bogorni, que há quatro anos passou a ser gerente de novos negócios da Bug.  “A expectativa é ter um volume considerável para venda até dezembro.”
A Bug se tornou sócia no negócio depois de Bogorni apresentar a ideia à empresa, em agosto do ano passado.  O desenvolvimento do projeto até aqui consumiu investimento pessoal dos dois criadores de cerca de R$ 500 mil. O lançamento comercial deve receber uma aplicação de pelo menos R$ 10 milhões. 

Diversificação
Com Pisa e Bogorni também como sócios, o negócio marcará a entrada da Bug em um novo mercado, o de nutrição animal. Fundada em 2001 numa incubadora da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP), a empresa liderada pelos sócios Heraldo Negri, Diogo Carvalho e Alexandre de Sene Pinto é pioneira e uma principais referências no País na criação de insetos que combatem pragas de grandes culturas.
Além da ração para animais de estimação, carro-chefe da nova empresa, a proteína de insetos também será usada na produção de fertilizantes, outro mercado em que a Bug ainda não atua. “O novo negócio vai representar uma diversificação para a Bug”, afirma Bogorni, “Com a ração, continuamos focados em nosso know how, que é a produção de insetos”, diz. “Mas, dentro dessa filosofia, buscamos sempre soluções que tornem a vida no planeta menos agressiva.”
A referência se explica pelo fato de a ração ser feita a partir de insetos, um elemento natural e abundante, e também por contribuir com a questão ambiental, pois as larvas se alimentam de diversas fontes de resíduos orgânicos, como lixo doméstico e esterco. “Assim, transformamos um passivo ambiental em proteína e fertilizantes.”
O uso de insetos em ração representa uma nova fronteira no setor de pet food, que representou 67,3% dos R$ 18 bilhões de faturamento registrado pelo mercado pet no Brasil em 2015, segundo da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet). 
A área em que já foi dada a largada no uso de larvas – embora ainda de modo incipiente – é na alimentação de gado e aves. A AgriProtein, da África do Sul, e a americana EnviroFlight, são duas startups que atuam nesses segmentos e têm atraído a atenção de investidores globais.  No Brasil, uma das fabricantes é a Nutrinsecta, de Minas Gerais. A empresa produz rações compostas a partir de insetos inteiros, fragmentados ou moídos para a alimentação de roedores, répteis, mamíferos e aves. 

Força nutritiva
Entre os benefícios do uso de moscas na nutrição está o alto valor proteico, mas não só. “Como se trata de um animal, há uma grande vantagem em relação às fontes de proteína vegetal, como a da soja, amplamente utilizada no mercado”, diz Bogorni. “Além de apresentar mais aminoácidos, o óleo extraído é rico em ômegas, inclusive o três, que é bom também para a alimentação de animais”.  Em relação ao processo produtivo, o ganho é o prazo curto na preparação das larvas, pois a engorda pode ser feita em até sete dias. 
Sem revelar estimativas de faturamento, a startup diz que a intenção é iniciar a operação comercial com a produção de uma tonelada por dia, expandindo-a num segundo momento para dez toneladas diárias.  A projeção é que o empreendimento se torne o carro-chefe da empresa de agentes biológicos em até três anos. “O que nos despertou o interessou por trazer esse projeto para a Bug é o know-how para gerar escala”, afirma o entomologista empreendedor. “Aqui, temos o que é necessário para transformar essa iniciativa num grande projeto.”

A poderosa Black soldier
Conheça as principais características e aplicações da mosca que será utilizada pela Bug na produção de ração para animais de estimação.
  • Seu nome científico é Hermetia illucens
  • O óleo extraído da larva da mosca é rico em ômegas, entre eles o três, benéfico para a alimentação humana e animal
  • Além de conter alto valor proteico, a larva possui todos os aminoácidos essenciais
  • Uma de suas vantagens é o curto prazo para ser abatida no processo de produção: bastam sete dias
  • Suas larvas já são utilizadas no exterior para produzir uma espécie de “refeição de insetos”, que serve de alimento para porcos, peixes e camarões
  • Nos EUA, a empresa InviroFlight a utiliza para a produção de ração animal

  • Reportagem publicada originalmente no número zero da revista Plant Project.


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segunda-feira, 29 de agosto de 2016

FLORES E BORBOLETAS - JARDIM DE PRIMAVERA E RENOVAÇÃO




Agosto 29, 2016
Escrito por Alice Branco




Primavera é tempo alegre, de renascimento, renovação, recriação. E nada melhor do que acompanhar nossa primavera com flores e seus habitantes mais coloridos, as borboletas.


Veja aqui uma série de flores, de fácil cultivo em vasos ou pequenos canteiros, que vão atrair borboletas variadas para seu jardim ou varanda. Mas mesmo que você more em apartamento, sem varanda, plante vasos de flores nas janelas e goze com os perfumes, colorido e as esvoaçantes acompanhantes de toda primavera.


Borboletas buscam flores com néctar abundante, assim como as abelhas o fazem, e pelas mesmas razões. Elas se alimentam de néctar. Também buscam plantas que possam hospedar suas larvasafinal, a procriação é uma necessidade da vida. Pense em ter seus vasos e canteiros emespaços abertos, ensolarados e bem abrigados do vento e terá borboletas a colorir sua vida e todo simbologia que elas têm: para surgir uma borboleta tem que haver uma lagarta, que se envolva em um casulo e tal, que amadureça e que rompa a casca velha para sair à luz. Isso é evolução, amadurecimento.
Uma lista de 11 flores que atraem borboletas


1. Cambará




O cambará de muitas cores é tão fácil de se encontrar, e de se manter, que existe em uma grande variedade de climas. Mas, cuidados com as alergias - use luvas para mexer no cambará para não ter irritações de pele.


2. Funcho




Funcho e erva-doce é a mesma coisa. Aromática, deliciosa em chás e bolo de fubá, dá um mel especial bom para barriga de neném e atrai borboletas e abelhas de montão. Tenha um vaso grande, com uns 40 cm de profundidade, para a sua mata de funcho, e aproveite.


3. Verbena




Esta é uma família grande, aromática e melífera, de flores do campo. Escolha as espécies de verbena de que mais gosta, pela cor das flores e a possibilidade de fazer variados chazinhos. Eu gosto de uma que se chama cidrão ou Erva Luiza, que é calmante e estomáquica sendo muito boa também para quem tem problemas renais. Mas, estude bem a planta que escolheu pois nem toda verbena é comestível ou inócua. O gervão é uma verbena assim como o assa-peixe, e essas duas são curativas consagradas.


4. Margaridas





Diversos tipos, diversas cores, branco, amarelo, rosa, até azul, e todas atraem borboletas, lagartas e joaninhas. Fácil de cultivar com mudinhas ou sementes.

5. Alfazema



A alfazema também é conhecida em alguns lados como erva de cabocla ou lavanda é curativa até na cor. Seu lilás é calmante assim como seu aroma. Tenha uma moita de alfazema em um canto ensolarado e bem drenado do seu jardim ou então, em um vaso grande, de barro. A alfazema resiste ao frio e rebrota na primavera, diretamente dos colmos, das raízes. Então, pode ser que, de um ano para outro a sua alfazema mingue, fique feiosa e ressecada - dê um tempo a ela, quem sabe vai rebrotar com os primeiros ventos primaveris.

Leia também: LAVANDA, ALFAZEMA - ALGUNS USOS CURATIVOS

6. Mostarda




Plantar mostarda é super fácil. Basta semear suas minúsculas sementinhas em uma terra bem adubada e bem drenada. E, para além das flores que são lindas, você também terá as folhas que podem ser usadas em saladas. A mostarda também é curativa, outro dia falaremos dela.



7. Maracujá




Se você tiver um pedaço de muro ensolarado plante maracujá. As flores são lindas e, de quebra você também terá frutos bons de suco. Mas, o maracujá seca no inverno então, uma vez por ano você deverá limpar os galhos e ramos secos para não ficar um amontoado feio.



8. Girassol





Semear girassol e ter flores lindas, amarelo ouro, no verão, essa é a dica. Pode ser do girassol miúdo, mais adequado aos vasos e canteiros pequenos, também pode ser do grande, que vai crescer acima das outras flores. O banho de flor de girassol é excelente para levantar o ânimo. Experimente.

Leia também: SEMENTES DE GIRASSOL: PROPRIEDADES E COMO USAR


9. Sálvia




Tem sálvia de todo tipo, de todas as cores, algumas são comestíveis, outras nem tanto, investigue antes qual planta você tem no canteiro. Mas, toda sálvia atrai borboletas e abelhas e dá flores exuberantes e alegres. O melhor é plantar com mudas de boa procedência e manter o canteiro pois, a sálvia tem ótima resistência e rebrota depois do frio intenso.



10. Buganvília





Também conhecida como primavera a, buganvília é planta brasileira muito usada nas cidades para cobrir cercas e muros de separação, com sua imensidão de flores bonitas. Tem buganvília de cores diversas, do roxo ao branco, de pétalas lisas e espinhos terríveis às de cachos encaracolados, menos espinhosas. Até tem buganvília sem espinhos, novas variedades criadas pelo ser humano. Escolha a que goste mais, e plante de muda, é o que eu recomendo.



11. Beijinho




Na minha terra essa flor, rosa ou branca, dá nas calçadas e beira de caminhos, e dá onde bem quer. Mas, pode até ser que você consiga convencer alguma muda a se dar bem em vaso ou canteiro, só que ela gosta de sol, e de solo arenoso. Há também uma variedade, da mata atlântica paulista, que gosta de sombreado e muita umidade no ar. Todas atraem borboletas e abelhas. E são lindas.



Leia também: https://www.greenme.com.br/morar/horta-e-jardim/3223-flores-borboletas-jardim-primavera

POLINIZADORES EM EXTINÇÃO É UMA GRANDE AMEAÇA À NOSSA ALIMENTAÇÃO?

NUNCA MATE AS ABELHAS, ENTENDA O SEU PAPEL NA POLINIZAÇÃO DAS FLORES E NA CADEIA ALIMENTAR

POR QUE AS BORBOLETAS TÊM ASAS COLORIDAS?


**Devo acrescentar, por experiencia própria, a este texto de Alice branco a eficiência de mais duas plantas na questão de atratividade de adultos, são elas; 


Nome Comum: estrela-do-egito, flor-do-egito, pentas, show-de-estrelas, cacho-de-estrelas, silena. Nome Científico: Pentas lanceolata;


Pentas lanceolata



  • Nomes Populares: Flamboianzinho, Ave-vermelha-do-paraíso, Baio-de-estudante, Barba-de-barata, Chagas-de-jesus, Chagueira, Flamboyam-de-jardim, Flamboyanzinho, Flamboyãzinho, Flor-de-pavão, Flor-do-paraíso, Orgulho-de-barbados, Poinciana-anã, Vaio-de-estudante, Nome Científico: Caesalpinia pulcherrima;

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 Caesalpinia pulcherrima

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Taturanas venenosas. "lagartas urticantes"

Podalia sp-Roberto Moraes 

*Por Roberto Henrique Pinto Moraes                      

Pesquisador Científico (Aposentado) Laboratório de Coleções Zoológicas -Instituto Butantan.
*Pessoa pela qual tenho um imenso respeito e apreço, agradeço pela nossa amizade.
"Para todos nós que apreciamos a natureza e caminhamos por trilhas e matas, vale a pena conhecer um pouco sobre as lagartas da Ordem Lepidoptera."

                Conhecidas pelos nomes populares de “bicho cabeludo”, “pararama”, “oruga”, “ taturana cachorrinho”, e outros mais, é sem dúvida “taturana” a designação mais comum. Esta palavra de origem indígena (tatá-rana,do Tupi), significa “parecido com fogo” e demonstra bem a sensação de queimação que sentimos ao tocar numa delas.
      Nem todas são perigosas, entretanto, aquelas que tem o corpo recoberto por estruturas semelhantes a “espinhos” ou “pelos”, devem ser evitadas. O veneno desses insetos é produzido por glândulas situadas dentro dessas cerdas (nome correto dessas estruturas em forma de pelos ou espinhos).
       Normalmente, os contatos ocorrem quando apoiamos a mão em um tronco de árvore, por exemplo, para descansarmos. Também ao colher um fruto ou flores, podemos ser surpreendidos pela “queimadura” de uma lagarta. Após o contato, o acidentado sente a sensação de queimação. O local incha e fica vermelho e algumas vezes podem surgir ínguas. Depois de algum tempo, que varia de minutos a poucas horas, esses sintomas regridem sem deixar sequelas.
     Na região Neotropical, apenas um gênero de taturana é extremamente perigoso. São espécies do gêneroLonomia. O veneno de Lonomia obliqua Lonomia achelous, causa distúrbios hemorrágicos gravíssimos em humanos, podendo evoluir ao óbito. Essas lagartas são geralmente encontradas nos troncos das árvores, em bandos de muitos exemplares e, devido a sua camuflagem, geralmente passam despercebidos aos olhos leigos, ocasião em que ocorrem os contatos.
     Lagartas de lepidópteros que causam “queimaduras”, incluindo as lonomias, são lagartas que se transformarão em mariposas (lepidópteros noturnos). Lagartas de borboletas (lepidópteros diurnos) são inofensivas. Borboletas e mariposas, são inofensivas, com exceção da mariposa de Hylesia sp (Saturniidae), que apresenta no abdome das fêmeas, cerdas irritantes que causam dermatites.
     “Dica”: caso haja contato com taturanas, lave imediatamente o local atingido com água corrente. Em seguida, faça compressas com água gelada. Esse simples procedimento aliviará a dor. No caso de contato com lonomias, este procedimento também deverá ser feito, com a diferença de que o acidentado deverá ser encaminhado o mais rápido possível para atendimento médico.
     A seguir, alguns exemplares mais comuns encontrados em qualquer região do Brasil, pertencem as famílias Magalopygidae e Saturniidae e são responsáveis pelo maior número de acidentes (fotos do autor).
 por Roberto Henrique Pinto Moraes
Pesquisador Científico. Laboratório de Coleções Zoológicas -Instituto Butantan
(em colaboração)
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Automeris naranja (Saturniidae) (foto abaixo)
Automeris naranja-Roberto Moraes
Dirphia ( Saturniidae)  (abaixo)
Dirphia sp-Roberto Moraes
Lonomia obliqua  (Saturniidae)  (abaixo)
Lonomia obliqua-Roberto Moraes  
  
Megalopyge albicollis  (Megalopygidae)  (abaixo)
Imagem relacionada
Megalopyge lanata (Megalopygidae) (abaixo)
Megalopyge lanata-Roberto Moraes
Podalia sp.  (Megalopygidae) (abaixo)
Podalia sp-Roberto Moraes
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Programa Ambiental: A Última Arca de Noé
Conteúdo: Antonio Silveira Ribeiro dos Santos
Todos os direitos reservados - www.aultimaarcadenoe.com.br
Antonio Silveira: 24/8/2016
**Devo acrescentar que o Sr. Roberto Henrique Pinto Moraes, tem sua importante participação no livro Borboletas | Evoneo Berti Filho e João Angelo Cerignoni | Editora Fealq | sobre (lagartas urticantes).

Resultado de imagem para livro borboletas

terça-feira, 16 de agosto de 2016

Pesquisa com borboletas ajuda a alertar sobre a degradação da floresta amazônica.

O estudo, que teve aporte financeiro da Fapeam e de outras instituições, verificou se plantas e pássaros podem influenciar na presença de borboletas frugívoras, que se alimentam de frutos em decomposição.


A pesquisa foi feita dentro da Reserva Florestal Adolpho Ducke, na Zona Norte de Manaus 
(Foto: Divulgação)



Estudioso de insetos diversos, o doutorando em Entomologia pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Márlon Breno Costa Santos, desenvolveu um projeto de pesquisa que estudou as borboletas frugívoras – que se alimentam de frutos em decomposição – para investigar se, tanto plantas como pássaros podem influenciar a ocorrência dessas borboletas em um determinado local.

A pesquisa, que recebe aporte do Governo do Estado por meio do Programa de Apoio a Excelência Acadêmica (Pró-Excelência), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), foi feita na Reserva Florestal Adolpho Ducke, na Zona Norte de Manaus, e estudou as borboletas segundo a sua espécie e de acordo com algumas características delas, como tamanho do corpo e tipo de alimentação das lagartas (borboletas jovens).

Segundo Márlon, a coleta foi feita com armadilhas conhecidas como “arapuca entomológica”, na qual se coloca banana e melaço estragados como isca para as borboletas. Todo o processo da pesquisa foi dividido em cinco fases. “Primeiramente, nós elaboramos a ideia de como seria feita a coleta das borboletas na floresta. Depois de analisarmos que a melhor maneira seria pela arapuca entomológica, nós partimos para a coleta em si, daí nós fizemos a identificação das espécies capturadas assim como a montagem e medição das características delas. Por fim, passamos para os testes estatísticos e com os resultados, montamos o artigo científico”, disse Santos.

Uma das questões que a pesquisa procurou entender foi como as borboletas se distribuem no espaço, de maneira a alertar sobre a degradação das florestas que pode levar ao desaparecimento de espécies, causando, assim, um imenso desequilíbrio ambiental. “O nosso objetivo é que o principal beneficiado com esse trabalho seja a sociedade civil: eu e toda a população amazônida como cidadãos. Nós dependemos dos recursos naturais muito mais do que é atribuído, seja para comer, vestir, morar, sem falar no clima do planeta que é balanceado pela nossa imensa Amazônia e outras florestas tropicais. Por isso, cuidar do nosso patrimônio - a floresta - é essencial para o nosso futuro, e o que poucas pessoas sabem é que as borboletas têm um papel muito importante nisso tudo”, ressaltou Márlon.

De acordo com o pesquisador, o estudo foi realizado dentro da Reserva Adolpho Ducke porque lá se concentra várias espécies de plantas e borboletas que ajudaram a chegar a um resultado maior para o projeto: fornecer dados para a comunidade científica local, regional e internacional para serem usados como auxílio e fortificação na criação de projetos maiores que visam à conservação de paisagens em escalas globais.

Além disso, espera-se um olhar mais atento para a dinâmica biológica que ocorre dentro da Reserva Adolpho Ducke, com a finalidade de promover a sua preservação frente à expansão urbana de Manaus, não permitindo que a reserva se torne apenas um fragmento florestal no meio da cidade.


Machos de borboletas da subfamília Coliadinae procuram por sais minerais na beira dos rios da Floresta Amazônica – Foto: Fábio Paschoal.



Parcerias

O projeto de pesquisa contou com vários parceiros ao longo de sua duração. O Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientíifico e Tecnológico (CNPq), que forneceu bolsa de mestrado para Márlon e auxiliou na coleta das plantas, a Capes que forneceu bolsa de doutorado para um dos participantes do projeto, e o Programa de Pesquisas em Biodiversidade (PPBio) que forneceu a infraestrutura.

Além deles, pesquisadores e doutores do Inpa, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), e da Universidade de São Paulo (USP) contribuíram com dados sobre plantas e borboletas da Reserva Ducke, assim como a Fapeam, que custeou todas as despesas de campo durante a coleta das borboletas.

Para Santos, a Fundação de Amparo à Pesquisa está presente na maior parte das pesquisas e do conhecimento científico produzido no Estado do Amazonas. “Ela incentiva os pesquisadores do nosso Estado a realizar trabalhos que possam ter grande impacto na comunidade científica internacional e ajuda a solidificar o Norte do Brasil no cenário científico mundial”, afirmou. O estudo foi finalizado em 2015 com a publicação do artigo neste mesmo ano.

*Com informações da assessoria de imprensa.
Créditos: http://www.acritica.com/channels/governo/news/pesquisa-com-borboletas-ajuda-a-alertar-sobre-a-degradacao-da-floresta-amazonica