terça-feira, 13 de setembro de 2011

Coleção de insetos



Coleção de insetos completa 110 anos

Instituto Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro, tem um acervo com mais de 5 milhões de espécies

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O Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), no Rio de Janeiro, comemora em 2011 o aniversário de 110 anos de sua coleção entomológica. O acervo conta com mais de 5 milhões de insetos e serve de base para pesquisas sobre Meio Ambiente, saúde e biodiversidade. A coleção – iniciada pelo próprio Oswaldo Cruz, em 1901, quando ele descreveu o mosquito Anopheles lutzi – pertencia ao Instituto de Manguinhos (como era chamado o IOC em seus primórdios). Naquele ano, ela listava 95 mosquitos, 145 tabanídeos e 40 carrapatos, além de uma coleção de helmintos (vermes).
A Coleção foi sendo formada por exemplares coletados desde o início do século XX por grandes pesquisadores – como Adolpho Lutz, Arthur Neiva, Carlos Chagas, César Pinto, Costa Lima, Lauro Travassos e Otávio Mangabeira Filho – durante suas expedições pelo Brasil, compondo um relato histórico da descoberta de novas espécies e gêneros de insetos. A coleção cresceu, sobreviveu ao período da ditadura e hoje, modernizada e revigorada, compõe uma verdadeira vitrine da biodiversidade brasileira.
Dentro das comemorações que aconteceram ontem, no Auditório do Museu da Vida, aconteceu, além de uma mesa-redonda, a divulgação do CD Book Insetos: uma aventura pela biodiversidade e Workshop da Oficina “Colecionando Insetos”.
Segundo Jane Costa, curadora da Coleção, “o acervo é riquíssimo, um dos maiores e mais antigos da América Latina, abrigando insetos das mais variadas ordens". Tanto que atualmente ele é reconhecido como patrimônio institucional e também como fiel depositário pelo Ministério de Meio Ambiente, em 2005.
“As políticas institucionais na área de coleções biológicas estão cada vez mais fortalecidas, visando sua modernização, desenvolvimento e divulgação. Assim, a Coleção ficou mais acessível e vários grupos de pesquisas do Brasil e do mundo podem consultá-la. No acervo, estão depositados inúmeros tipos, que são referência para pesquisas em sistemática e taxonomia e base para estudos científicos”, ressalta Jane.
Segundo a curadora, a Coleção Entomológica possui peculiaridades que a colocam em posição de destaque em diversas ordens de insetos. “A Coleção Entomológica é a mais completa na ordem de coleópteros (besouros), com mais de 19 mil espécies brasileiras. Além disso, possui a Coleção Werneck, que é importantíssima pela abrangência de seu material, graças às colaborações e ao empenho do pesquisador que reuniu piolhos de aves e mamíferos, coletados em praticamente todas as partes do mundo.
Temos ainda a Coleção Costa Lima, que tem sido base para a realização da mais importante obra bibliográfica brasileira em entomologia, a coleção `Insetos do Brasil`”, descreve a pesquisadora. Ela destaca, ainda, a Coleção Joseph Zikán, que constitui um registro importante da biodiversidade entomológica da região de Itatiaia, principalmente em relação às ordens Lepidoptera (borboletas e mariposas), Coleoptera (besouros) e Hymenoptera (abelhas, vespas e formigas).
Modernização e informatização
O IOC tem adotado uma política de valorização das coleções biológicas, que favoreceu o crescimento e o desenvolvimento da Coleção Entomológica. A partir de 2006, a Coleção começou um processo de modernização e em 2009 houve a inauguração de novas salas para o melhor acondicionamento do acervo e expansão do mesmo.
Para Jane Costa, esse processo tem contribuído para a divulgação da ciência e beneficiado a manutenção do acervo. “A partir do momento em que os acervos científicos foram reconhecidos como patrimônio institucional, políticas específicas para a valorização da Coleção foram adotadas. Neste sentido, projetos institucionais vêm sendo implementados, principalmente para a informatização, divulgação e modernização”, afirma.
Em parceria com a Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), foi possível transferir todo o acervo da Coleção armazenado em antigos armários de aço para modernas estantes deslizantes, que atualmente são utilizadas nas mais modernas coleções científicas do mundo.
“Esta modernização no acondicionamento do acervo trouxe mais segurança, facilidade de acesso ao material e também otimizou o espaço para o contínuo crescimento do acervo por pelo menos mais 50 anos. Além disso, a informatização, que sempre foi alvo de atenção da curadoria da Coleção, também vem tendo mais apoio. Este procedimento traz mais facilidade para o acesso às informações do acervo e permite agilizar estudos utilizando dados dos espécimes depositados”, avalia.
Portas abertas
Inaugurada em 2008, a Sala de Exposições Costa Lima coloca aberta para visitação pública parte do acervo didático da Coleção Entomológica. O ambiente é composto por espécimes selecionados por sua importância médica, agrícola ou veterinária, como também por sua beleza estética. A Sala conta com a orientação de monitores para apresentação do material e para responder às perguntas dos visitantes.
“A Sala de Exposição Costa Lima foi idealizada pelos curadores da Coleção Entomológica do IOC como um espaço educativo e de divulgação científica para professores, estudantes e para o público leigo em geral, sendo recentemente integrado ao circuito de visitações do Museu da Vida, em parceria com a Casa de Oswaldo Cruz. Em exposição estão exemplares de insetos também presentes na Coleção Costa Lima e utensílios pessoais do pesquisador”, finaliza Jane Costa. Para fazer uma visita ao espaço, os interessados podem entrar em contato pelo email: recepcaomv@coc.fiocruz.br 

Virtualmente é possível acessar um livro (http://www.ioc.fiocruz.br/livroinsetos/), que mostra a importância da entomologia e também das coleções biológicas, elaborado pela equipe do Laboratório de Biodiversidade Entomológica do Instituto Oswaldo Cruz.

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