ÁREA AFETADA PELA RADIAÇÃO NO DESASTRE DE FUKUSHIMA (FOTO: REPRODUÇÃO)
Borboletas apresentam anomalias físicas em maior
escala desde o acidente.
Apesar de ocorrido em 2011, o desastre nuclear de Fukushima, no Japão, continua gerando consequências. Um novo estudo realizado por pesquisadores do país sugere que a radiação expelida na estação três anos atrás ainda está contaminando gerações de insetos.
Durante a pesquisa da Universidade de Ryukyus, larvas de borboletas que se alimentaram com folhas contaminadas pela radiação se mostraram mais suscetíveis a anomalias físicas do que animais criados em ambientes normais. O estudo sugere que as regiões próximas à Fukushima se manterão perigosas para a vida selvagem por mais um bom tempo.
O caso ficou marcado pela grande quantidade de radiação jogada ao mar, mas a vida animal terrestre tamém foi afetada: externamente pelo ambiente e internamente pela alimentação. Por isso, Joji Otaki e sua equipe decidiram pesquisar os efeitos do desastre na espécie Zizeeria maha, um tipo de borboleta muito comum no Japão.
Durante o primeiro teste, as larvas se alimentaram de folhas encontradas na região de Fukushima, que possuíam milhares de becquerel (medida de radioatividade) por quilo – no Japão, o máximo permitido atinge os 100 bq/kg. O resultado mostrou que a grande maioria dos animais não sobreviveu, e as borboletas que resistiram tiveram mutações físicas notáveis.
Mas os pesquisadores já esperavam essa resposta, dada a quantidade grande de radiação nas plantas. Na segunda etapa do experimento, a equipe recolheu plantas de até 20 meses depois do incidente. Com isso, os níveis de contaminação caíram de até 161 bq/kg para 0.2.
“O nosso estudo mostra que doses pequenas, aquelas abaixo de 100 bq/kg, podem ser muito tóxicas para certos organismos”, escreveu o grupo na publicação da BMC Evolutionary Biology.
Em outro teste, a equipe analisou os filhos das borboletas sobreviventes dos primeiros experimentos. O resultado mostrou que nesses descendentes a taxa de sobrevivência é ainda menor e a de anomalias ainda maior. Para Timothy Mousseau, biólogo americano especializado nos efeitos da radiação, isso não pode ser necessariamente comparado aos humanos: “Eu acredito que as borboletas são um grupo muito mais sensível à radiação do que os seres humanos“.
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