sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

UMA DAS ESPÉCIES DE LAGARTAS QUE ATACAM OS COQUEIROS NESTA EPOCA DO ANO.

Revista Brasileira de Entomologia

Print version ISSN 0085-5626

Rev. Bras. entomol. vol.49 no.3 São Paulo July/Sept. 2005

doi: 10.1590/S0085-56262005000300012 

BIOLOGIA, ECOLOGIA E DIVERSIDADE

Larva de quinto estádio e pupa de Opsiphanes quiteria meridionalis Staudinger (Lepidoptera, Nymphalidae, Brassolinae)1

Fifth larval instar and pupa of Opsiphanes quiteria meridionalis Staudinger (Lepidoptera, Nymphalidade, Brassolinae)


Mirna Martins Casagrande; Olaf Hermann Hendrik Mielke
Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Paraná. Caixa Postal 19020, 81531-980 Curitiba-PR, Brasil. Bolsistas CNPq

RESUMO
É apresentada a descrição da larva de quinto estádio e pupa de Opsiphanes quiteria meridionalis Staudinger, 1877 de material proveniente do sul do Brasil. Os imaturos, exceto ovo, e o adulto são ilustrados. Larvas alimentam-se de Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman (Arecaceae).
Palavras-chave: Brassolini, estágios imaturos, planta hospedeira.

ABSTRACT
Descriptions of the fifth instar and pupa of Opsiphanes quiteria meridionalis Staudinger, 1877 from material reared in southern Brazil are presented. The immatures, except egg and the adult are illustrated. The larvae feed on leaves of Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman (Arecaceae).
Keywords: Brassolini, hostplant, immature stages.



Esta contribuição tem como finalidade ampliar o conhecimento de imaturos de lepidópteros neotropicais. O conhecimento desta fase da vida dos insetos tem trazido aos especialistas dedicados ao estudo da classificação de Lepidoptera em seus níveis superiores e suas relações, dados que acrescem a fundamentação de propostas como em Ackery et al. (1999) e Freitas & Brown Jr. (2004) que não somente fazem uso de carateres de coloração como principalmente àqueles relacionados à morfologia, planta hospedeira e imaturos.
Casagrande (1979, 2002) e Casagrande & Mielke (2000 a, b; 2003) têm publicado dados sobre imaturos de Brassolinae, porém para Opsiphanes Doubleday, [1849] os registros são escassos e restritos a comparações com outros gêneros (DeVries 1987), estudos filogenéticos (Freitas & Brown Jr 2004) ou à citação de planta alimentícia (Ackery 1988).

MATERIAL E MÉTODOS
As larvas, alimentadas com folhas de Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman (Arecaceae), foram mantidas em casa de vegetação em São Bento do Sul, Santa Catarina, até a emergência dos adultos. Os adultos que emergiram estão depositados na Coleção Entomológica Pe. Jesus Santiago Moure, Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Paraná (DZUP). O exemplar fêmea que ilustra este artigo é proveniente desta criação, porém o macho é de Joinville, Santa Catarina. Cápsulas cefálicas, larvas de quinto estádio e pupas estão preservados em álcool 70%.
Larva de quinto estádio





Cabeça de textura irregular, forma quadrangular, comprimida dorso-ventralmente com quatro pares de escolos, formando uma coroa na parte posterior da cabeça. Coloração geral branco leitosa, com dois pares de faixas cinza: uma lateral, desde a base do anel de estemas até o meio do primeiro e segundo par de escolos; outra, anterior, desde o centro da sutura epicranial até a base do par de escolos dorsais. Sutura epicranial com a mesma cor das faixas. Pares de escolos dorsais e dorso - laterais de um laranja intenso com extremidade preta. Base do par dorsal, com uma mancha arredondada preta. Terceiro par, lateral, preto e aproximadamente um terço do tamanho do anterior e o quarto, látero-ventral, como uma pequena rugosidade, também preto. Com quatro estemas látero-dorsais e dois ventrais; base do segundo e quarto estemas preto, quinto cinza, e primeiro e sexto com anel branco. Cerdas translúcidas distribuídas por toda cabeça. Face ventral cinza.
Tórax e abdome pubescentes de coloração geral verde intenso. Área dorsal com faixa mediana verde, marginada por verde mais claro. Área subdorsal cinza, quase preto, com cerdas translúcidas sobre calazas branco leitosas. Área supra-espiracular de igual aspecto a subdorsal, porém dois terços da largura desta e, área espiracular com a mesma coloração das anteriores, não contínua e metade da largura da supra-espiracular. Entre as áreas subdorsal, supra-espiracular e espiracular, áreas de cor verde como a faixa mediana, também com cerdas translúcidas sobre calazas branco leitosas.
Projeções da placa suranal verdes, como na área dorsal, dorsalmente verde azulado, como uma continuação da mesma cor da área subdorsal. Peritrema dos espiráculos torácico e abdominais com a mesma cor laranja intensa dos escolos dorsais e dorso-laterais. Face ventral do tórax e abdome verde musgo com cerdas translúcidas em calazas branco leitosas. Pernas torácicas pretas e abdominais com a mesma coloração do tegumento.
As larvas atingem um comprimento máximo de 10 cm, incluindo as projeções da placa suranal.
Pupa
Coloração geral verde com linhas em castanho. Antenas, pernas e asas contornadas por tênues linhas castanhas. Três linhas castanhas margeadas de creme, formando uma espécie de carena estão assim distribuídas: a primeira, dorsal, desde o vértice, entre as antenas até o ápice do cremaster; tanto na região cefálica como no cremaster, apenas como uma linha de coloração distinta e entre estes pontos com limite acentuado. A segunda, também acentuada, forma o limite anterior da região cefálica e desce lateralmente até o segundo segmento abdominal, terminando em mancha arredondada de aspecto espelhado como citado para Caligo beltrao (Illiger, 1801) (Casagrande 1979); Caligo martia (Godart, [1824]); Dasyophthalma rusina rusina (Godart, [1824]); Dasyophthalma creusa creusa (Hübner, [1821] ) (Casagrande & Mielke 2000 a,b, 2003). A terceira, mais ventral, com início próximo à mancha espelhada, acompanha a asa e continua apenas como linha de coloração mais escura sobre os espiráculos do quarto segmento abdomial até o cremaster. Duas manchas arredondadas castanhas, em posição ventral sobre as asas.
Abdome com linha mediana ventral desde o quarto segmento até o cremaster. Dorsalmente, linhas obliquoas percorrem os segmentos desde a linha que forma a carena medianamente até próximo aos espiráculos. Estas mesmas linhas foram descritas para Caligo telamonius memnon (C.Felder & C.Felder, 1867) e Caligo atreus (Kollar, 1850) por Young & Muyshondt 1985 (o primeiro como Caligo memnon) e para Caligo martia (Godart, [1824]) por Casagrande & Mielke (2000a).
Atingem o comprimento máximo de 4cm e largura máxima de 1,7cm.
Os adultos (Figs. 10-13) emergiram em novembro e dezembro, com um período na fase de pupa que variou entre 15 e 30 dias.



Agradecimentos. Ao Sr. Ivo Rank por fornecer os exemplares estudados e por permitir o uso de seu borboletário em São Bento do Sul, Santa Catarina, para o desenvolvimento dos imaturos.

REFERÊNCIAS
Ackery, P. R. 1988. Hostplants and classification: a review of nymphalid butterflies. Biological Journal of the Linnean Society 33: 95–203.        [ Links ]
Ackery, P. R.; R. De Jong & R. I. Vane-Wright. 1999. The butterflies: Hedyloidea, Hesperioidea and Papilionoidea, p. 263–300. In: N. P. Kristensen (ed.). 1999. Lepidoptera, Moths and Butterflies. Vol. 1: Evolution, Systematics, and Biogeography.         [ Links ]In: M. Fischer (ed.). Handbook Zoology, Vol. 4. Berlin, New York. Walter de Gruyter, 491 p.        [ Links ]
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Casagrande, M. M. 2004. Tribe Brassolini, p. 201204. In: G. Lamas (ed). Checklist: Part 4A, Hesperioidea-Papilionoidea, 439 p.         [ Links ]In: J. Heppner. Atlas of Neotropical Lepidoptera. Association for Tropical Lepidoptera, Scientific Publishers. XXXVI + 439 p.        [ Links ]
Casagrande, M. M. & O. H. H. Mielke. 2000a. Larva de quinto estádio e pupa de Caligo martia (Godart) (Lepidoptera, Nymphalidae, Brassolinae). Revista Brasileira de Zoologia 17: 75–79.        [ Links ]
Casagrande, M. M. & O. H. H. Mielke. 2000b. Larva de quinto estádio e pupa de Dasyophthalma rusina rusina (Godart) (Lepidoptera, Nymphalidae, Brassolinae). Revista Brasileira de Zoologia 17: 401–404.        [ Links ]
Casagrande, M. M. & O. H. H. Mielke. 2003. Larvas de quarto e quinto estádios e pupa de Dasyophthalma creusa creusa (Hübner) (Lepidoptera, Nymphalidae, Brassolinae). Revista Brasileira de Zoologia 20: 157–160.        [ Links ]
De Vries, P. J. 1987. The Butterflies of Costa Rica and their Natural History. Papilionidae, Pieridae, Nymphalidae. 327 p. Princeton University Press.        [ Links ]
Freitas, A. V. L. & K. S. Brown Jr. 2004. Phylogeny of the Nymphalidae (Lepidoptera). Systematic Biology 53: 363–383.        [ Links ]
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Yong, A. M. & A. Muyshondt, 1985. Notes on Caligo memnon Felder and Caligo atreus Kollar. (Lepidoptera: Nymphalidae: Brassolinae) in Costa Rica and El Salvador. The Journal of Research on the Lepidoptera 24: 154–175.        [ Links ]


Recebido em 18.III.2005; aceito em 07.VII.2005


1 Contribuição n° 1556 do Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Paraná.

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 Danos causados por lagartas de Brassolis sp.

                              Danos causados por lagartas de Brassolis, mostrando em
                                                    detalhe o casulo das lagartas.
 

Fotos: Édson Possidônio Teixeira é Pesquisador Científico do Instituto Agronômico - IAC
Diplomou-se em Engenharia Agronômica em 1975, pela UFRRJ;
Mestre em Ciências Biológicas - Área de Concentração: Entomologia. 1986. ESALQ-USP; Doutor em Ciências Biológicas - área de Zoologia, UNESP - Rio Claro, 2001. Curador oficial da coleção entomológica (IACC).
Contato:
edson@iac.sp.gov.br

A Cultura do Coqueiro

O coqueiro é rica fonte de alimento para diversas espécies de insetos e ácaros. Estes organismos uma vez na planta são hospedeiros específicos, seja, da folhagem, das flores, dos frutos, do estipe ou das raízes causando danos que variam de atraso no desenvolvimento, perda ou atraso na produção à morte da planta. Algumas dessas espécies tem preferência pela planta jovem por seus tecidos mais tenros, enquanto outras preferem as mais velhas e em produção. Os surtos de pragas em palmeiras, como o coqueiro, são favorecidos por diversos fatores, dentre os quais: a produção contínua e mensal de folhas e a permanência prolongada dessas estruturas vegetais na planta fazendo com que nessa cultura a planta tenha sempre sua copa formada por folhas jovens, folhas em estágio de maturação (intermediárias) e folhas em senescência (mais velhas); a emissão contínua e mensal de inflorescências que dão origem aos cachos dos frutos, cachos estes presentes na planta em diferentes graus de maturação; e ao não sincronismo das emissões florais dentro da plantação, o que torna o coqueiro bastante suscetível à ação de diversas espécies-praga. Associado a esses fatores, naturais da planta, os surtos são também favorecidos pela ocorrência dos fatores ambientais, pela utilização de tratos culturais inadequados, e pela utilização indiscriminada de um grande número de defensivos agrícolas no combate às pragas.


Lagarta-das-folhas, Brassolis sophorae (Linnaeus, 1758) (Lepidoptera: Nymphalidae)
Características:
Larva – cabeça castanho-avermelhada, corpo com listras longitudinais marrom-escuras e claras, recoberto por fina pilosidade, podendo atingir de 6,0cm a 8,0cm de comprimento. As lagartas vivem em grupo na copa do coqueiro, dentro de um ninho (saco) construído pela união de vários folíolos, onde permanecem abrigadas durante o dia. As lagartas são facilmente detectadas pelo desfolhamento da planta, presença de ninhos e de excrementos no chão.
Pupa – crisálida de coloração verde-clara ou marrom, medindo 2,0cm a 3,0cm de comprimento e fixada pelo abdome nas axilas foliares, tronco e restos de cultura deixados no solo sob o coqueiro.
Adulto – borboleta grande, de 6,0cm a 10,0cm de envergadura; suas asas anteriores e posteriores são marrons, atravessadas por uma faixa laranja, que na fêmea se apresenta mais larga na asa anterior e em forma de Y; na face inferior das asas posteriores encontram-se três ocelos circundados de preto e marrom.
Injúrias – desfolhamento causado pelas lagartas, podendo restar apenas as nervuras centrais dos folíolos e a ráquis de cada folha. As plantas atacadas sofrem atraso no crescimento pela redução da área fotossintética, refletindo-se na queda prematura de frutos e atraso na produção.

Táticas de Controle:
Controle mecânico
  • Enquanto a altura da planta assim o permitir, recomenda-se a coleta dos ninhos e a destruição das lagartas abrigadas no seu interior.
  • Controle biológico
  • Deixar no campo os ninhos que tiverem lagartas parasitadas pelo fungo Beauveria.
  • Pulverizar somente a copa dos coqueiros infestados com lagartas, utilizando-se formulação comercial de Bacillus thuringiensis ou suspensão de esporos do fungo Beauveria spp.

Controle químico
Considerando a alta eficiência de controle conferida pelos entomopatógenos mencionados acima, recomenda-se que os inseticidas químicos sejam utilizados somente em casos de elevada infestação, dando-se preferência para produtos seletivos aos inimigos naturais da praga.

http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Coco/ACulturadoCoqueiro/pragas.htm


 


2 comentários:

  1. João,eu tenho um Casulo de Borboleta de Coquero!Quanto tempo vai levar para virar Borboleta??O casulo se formou Ontem(Dia 13/03/De DOIS MIL E TREZ,2013).Adoro esse blog!Parabens!!Tchau e responda logo!

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  2. Estão atacando o meu jardim e não é coqueiro. Elas foram enganadas !

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