quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Posto de saúde é fechado devido invasão de formigas

Posto de saúde é fechado devido invasão de formigas
Cerca de 40 pacientes tiveram que ser transferidos para unidade de saúde Eldorado II por causa da invasão

29/09/2010 - 09h08 . Atualizada em 29/09/2010 - 09h14

Gazeta de Piracicaba


Cerca de 40 pacientes tiveram que ser transferidos para unidade de saúde Eldorado II, em Piracicaba, por causa da invasão de saúvas no Posto de Saúde da Família (PSF), localizado no bairro Cecap. Durante a manhã de terça (28/09), milhares de formigas tomaram conta do prédio público durante o horário de funcionamento. Embora o problema seja antigo, funcionários e usuários do PSF disseram que nunca tinham visto algo parecido.


 

Saúva Ant (Atta spp)
Exposed in Feira Expodireto, RS, March 16 - 20, 2009 (EMBRAPA)


De acordo com Itamiro Marques, 69, que representa a comissão de saúde do Cecap, há mais de 10 anos os usuários reclamam da enorme quantidade de formigueiros formados ao redor do prédio. 'A Secretaria de Saúde fala que vai construir uma nova unidade. Mesmo jogando veneno de vez em quando, o caso nunca foi definitivamente resolvido', comentou Marques.

Com a chegada da imprensa ao local, Moacir Rosa da Silva, 47, que também faz parte da comissão de saúde, informou que a secretaria de saúde iria mandar uma empresa especializada para fazer a dedetização do interior do PSF à tarde.

Ainda segundo informações, cerca de 120 pessoas são atendidas diariamente na unidade. Embora nenhum caso grave tenha sido registrado, Marques garante que vários documentos foram protocolados na secretaria em razão do excesso de insetos.

'Há um mês levamos um dossiê com várias fotos para provar a necessidade da dedetização', afirmou, ao destacar que depois que chove, a situação fica pior.

Os aposentados José Carlos Eleotério e Gentil Stênico, ambos com 63 anos, relataram que a invasão de saúvas no prédio público é constante. Moradores há quase três décadas no Cecap, eles disseram que estão cansados de reclamar na prefeitura. 'Graças a Deus nenhuma criança foi picada, mas espero que a secretaria de saúde não espere isso acontecer para resolver essa situação', falou Stênico.

Procurado pela Gazeta, o técnico em laboratório, João Ângelo Cerignoni, após observar algumas fotos do local, disse que nunca tinha visto tantas formigas em um único local. 'Isso não é comum. Diferente das formigas-doceiras, encontradas em hospitais, essa não tem motivo de entrar num espaço habitado. Elas se alimentam apenas de folhas'.

Cerignoni, que também é do departamento de Entomologia da Esaq, acredita que por conta do excesso de água, essas saúvas estejam perdidas. Ele também alerta: 'Suas mandíbulas podem cortar. É preciso tomar muito cuidado com as possíveis picadas'.


Saúva Ant (Atta spp)
Exposed in Feira Expodireto, RS, March 16 - 20, 2009 (EMBRAPA)

SAÚVA: Sobre a espécie, o técnico explica que a saúva (Atta sexdens rubropilosa) forma o maior grupo de animais da Terra. Com quase 800 mil espécies conhecidas pela ciência e talvez com um número real de alguns milhões ainda por serem descritos, o especialista acredita que as saúvas são mais numerosas que todos os outros grupos de seres vivos juntos.

'Na primavera, as colônias liberam milhares de içás e bitus para fora. Com essa revoada, em alguns sauveiros podem sair 45 mil bitus e 6 mil içás', explicou. .

O sauveiro só acaba naturalmente quando sua rainha morre, mas isso só acontece após muito tempo. Algumas podem viver mais de 15 anos. 'Mesmo depois da morte da reprodutora, a colônia pode sobreviver por meses'.

Embora a grande maioria dos sauveiros fique debaixo do solo, apenas os completamente desenvolvidos deixam aparecer um monte de terra solta, o 'murundu', em sua entrada principal.

'Deve ser o caso do posto de saúde. A terra é retirada para fazer os túneis subterrâneos onde as saúvas se locomovem e vivem', disse, ao ressaltar que nessas condições podem ser encontrados quatro milhões de insetos.

CONTROLE: Cerignoni comentou que o controle da saúva foi e continua sendo alvo de muitos pesquisadores. Alguns, segundo ele, defendem o uso de mais inseticidas. Outros buscam produtos que não façam mal senão às saúvas.

'Temos como desafio encontrar o ponto de equilíbrio entre nossas necessidades e as necessidades da fauna e da flora que nos cercam. E a saúva também faz parte desse equilíbrio'.

O técnico acredita que é possível aprender com a espécie, usar seus dotes no controle de plantas daninhas e invasoras, além da recuperação do solo desgastado pela agricultura - com suas panelas de lixo e túneis.

'Se a saúva não acabou com o Brasil, também os brasileiros não podem fazê-lo na tentativa de acabar com a saúva', frisou.

È isso ai ...
Abraços João A.C.

Nenhum comentário:

Postar um comentário